BOLETIM FINANCEIRO


ANO 1 .............................................. No. 1

JANEIRO-FEVEREIRO-MARÇO 1996 ......... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

Tem sido nossa intenção publicar uma newsletter financeira para portugueses e brasileiros residentes no Canadá. Até ao presente por uma variedade de razões tal não foi possível. A ideia não morreu e aguarda apenas condições propícias para se estabelecer. Entretanto o Internet deu-nos possibilidade de iniciar esta edição electrónica do Boletim Financeiro, se bem que numa forma mais reduzida.

A principal diferença entre uma edição impressa e esta edição electrónica reside no facto de que enquanto a primeira seria dirigida exclusivamente a leitores de língua portuguesa residentes no Canadá, a edição electrónica será destinada a leitores de língua portuguesa residentes em qualquer parte do globo e interessados em investimentos neste país, especialmente no mercado de capitais. Isto deve-se a dois factores: primeiro o número de possíveis leitores de língua portuguesa com acesso ao Internet e interessados em investimentos no país é relativamente pequeno. Segundo o Internet dá-nos a possibilidade de alargarmos a nossa área de divulgação duma maneira nunca antes imaginada. Assim não só residentes no Canadá mas um viajante do Internet em qualquer parte do mundo terá acesso a estas páginas.

O objectivo primário do Boletim Financeiro é fornecer informação sobre investimentos no Canadá, especialmente acções negociadas nas bolsas do país. Uma advertência no entanto: devido ao facto de não existirem garantias sobre mercados de capitais, opiniões expressas no Boletim devem ser consideradas apenas como tal. Como tudo na vida não existem certezas sobre o que poderá acontecer no futuro.

1995 - REVISÃO DO ANO

1995 acabou de maneira favorável para os investidores canadianos. O índice da bolsa de Toronto, o barómetro do mercado canadiano de acções, aumentou mais de 11% durante o ano. O aumento não foi tão espectacular como o da bolsa de Nova Iorque, mas tendo em consideração os problemas que o país confronta: incerteza acerca do futuro do Québec, deficites elevados e uma percentagem de desemprego à volta de 10%, tal aumento pode considerar-se positivo.

Problemas no México, no princípio do ano, tiveram repercussões nos outros dois parceiros da N.A.F.T.A. (North America Free Trade Agreement), o Canadá e os Estados Unidos. Fundos de investimentos da região (Latin America Funds) tiveram uma baixa em valor. Se bem que em moeda local a bolsa mexicana esteja a recuperar, aumentos nominais no valor das acções não devem obliterar o facto de que o peso foi desvalorizado. Para os entusiastas dos chamados "emerging markets" os acontecimentos no México constituíram um aviso que não deve ser esquecido quando se investe neste género de mercados.

O dólar canadiano continua debaixo de pressão em relação ao dólar americano. Numa determinada ocasião o câmbio esteve a 71 cêntimos americanos por um dólar canadiano. Para todos aqueles com interesses na Europa a consternação é maior, pois que o próprio dólar americano continua fraco em relação ás moedas europeias, especialmente o marco alemão que continua a impor-se como moeda de escolha na Europa.

A economia canadiana continua doente e a população em geral parece aceitar com resignação a percentagem elevada de desemprego. Por outro lado muitas corporações tiveram um dos melhores anos de sempre. Reorganizações internas e reduções em pessoal forem os factores decisivos na melhoria da situação financeira de muitas das grandes companhias. A situação no Québec continua a distrair e desviar os políticos dos problemas económicos que afectam o país.

Para a maioria dos investidores 1995 foi um bom ano. Os chamados "technology stocks" foram os meninos bonitos do mercado. Bancos estiveram também em evidência no fim do ano, quando os seus resultados financeiros começaram a ser conhecidos. Houve alguns protestos isolados em relação aos lucros bancários por alguns considerados como excessivos. Acções de companhias envolvidas nas novas tecnologias e acções de bancos representam dois tipos de investimento com características opostas. Tecnologia (especialmente tecnologia nova) representa riscos e exige vigilância constante. Não só os preços deste tipo de acções raramente representam o seu valor real mas sim o que se espera que elas façam no futuro, mas o maior risco é que a tecnologia de hoje pode-se tornar obsoleta amanhã. Para aqueles que no entanto insistem em negociar neste tipo de companhias a prudência recomenda que sigam os conselhos de um profissional especializado no sector ou investem em fundos de tecnologia.

Bancos canadianos, por outro lado, constituem uma forma de investimento que dá mais tranquilidade. Este é um dos sectores mais estáveis e fortes do Canadá. Este tipo de investimento é apropriado tanto para o investidor principiante como para o conservativo, para o residente no país como para o residente no estrangeiro. Ao entrarmos em 1996 algumas das novas empresas públicas apresentam-se com diferentes estruturas e que, na opinião dos seus dirigentes, poderão competir eficientemente nos mercados globais.

Com uma percentagem de inflação relativamente baixa e aumento de produtividade muitas vezes conseguido à custa de redução de pessoal, bastantes companhias confiam num bom ano. Repetir a "actuação" de 1995 será difícil mas no entanto, para a maioria, o ano apresenta-se favorável.

ACÇÕES DE PRIMEIRA QUALIDADE

BCE INC

BCE INC é uma companhia de gestão com interesses em telecomunicações e serviços relacionados com as mesmas. A mais importante das subsidiárias da companhia é Bell Canada, a companhia de telefones que serve Ontário e partes do Québec. Em 1983 Bell Canada foi reorganizada de maneira a que a companhia se tornou subsidiária duma nova corporação - Bell Canada Enterprises. Logo a seguir a nova companhia mudou o nome para BCE INC. BCE INC tem um elevado número de recordes: número um em lucros no ano de 1994, 118.000 empregados (mas o número está a ser reduzido continuamente) e o maior número de accionistas registados em companhias canadianas.

Bell Canada, a maior companhia de telefones do país com mais de sete milhões de clientes, é a companhia mais visível do grupo; Northern Telecom Limited (cerca de metade das acções, a outra metade distribuída pelo público e negociada na Bolsa); BCE Mobile, (65%), "paging" e telefones celulares) e Bell Canada International, com participação na televisão cabo nos Estados Unidos, entre outras.

Uma actividade que tem resistido às transformações que passaram duma diversificação em actividades para uma concentração em telecomunicações é o ramo tipográfico. Tele-Direct (Publications) Inc é a companhia que publica listas telefónicas, as conhecidas Páginas Amarelas. A companhia não só publica listas telefónicas no Canadá mas está ainda associada com outras companhias na publicação de listas no Médio Oriente, Índia, Caraíbas e Hong-Kong.

Áreas em que a BCE INC já não está envolvida são software (SHL Systemhouse); imobiliário (BCE Developments) e condutas(TransCanada PipeLines). Recentemente a companhia desfez-se também dos serviços financeiros quando vendeu Montreal Trustco.

As companhias do grupo estão envolvidas na revolução de telecomunicações e tecnologia de convergência na qual telefones computadores e televisões trocam informação entre si.

Activo de base, cash flow, lucros elevados e uma tradição de bons dividendos classificam a companhia como de primeira qualidade. No passado dividendos foram sempre elevados em relação ao preço das acções aumentavam anualmente. Isto não é o caso presente. Telecomunicações já não são os monopólios doutros tempos. Agora a palavra de ordem é deregularização global.

BCE INC conhecida como companhia de dividendos (as acções apropriadas para viúvas e orfãos) está a tornar-se uma companhia de growth (crescimento). Isto explica a nova tendência. Presentemente há mais instituições comprar as acções da companhia e menos pequenos investidores. BCE INC é uma companhia apropriada tanto para investidores no Canadá como para estrangeiros que querem investir em companhias do país. As suas acções são negociadas nas bolsas do Canadá, Estados Unidos, Japão e Europa (Londres e Suiça).


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( Preparado: Janeiro 1996 )