BOLETIM FINANCEIRO


ANO 1 .............................................. No. 2

ABRIL - MAIO - JUNHO 1996 ......... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

Este segundo número do BOLETIM FINANCEIRO sai consideràvelmente atrasado. No entanto, tencionamos num futuro próximo publicar o BOLETIM bimensalmente.

A presente edição é dedicada ao Banco de Montreal. Bancos têm compensado generosamente os seus accionistas, mas o que se pode dizer acerca do Banco de Montreal pode-se dizer acerca dos outros bancos canadianos. Na verdade a escolha é difícil. Se só pudéssemos ter acções de uma única;companhia canadiana escolheríamos um dos "big six", como os seis maiores bancos canadianos são conhecidos.

ACÇÕES DE PRIMEIRA QUALIDADE

BANK OF MONTREAL

Bancos constituem a base do sistema económico do Canadá. Royal, Imperial of Commerce, Montreal, Nova Scotia e Toronto Dominion são os mais importantes do sistema financeiro. Um sexto aspirante ao grupo é o National Bank. Acções de bancos canadianos fazem parte da carteira dos maiores fundos de investimento e fundos de pensões. Se bem que tivessem tido alguns prejuízos no mercado de propriedades há alguns anos atrás, os bancos canadianos continuam de óptima saúde financeira e a aumentar os lucros ano após ano.

Com um crédito de primeira qualidade, controlo de despesas, e a baixa dos juros nos depósitos bancários, o que torna os seus dividendos atractivos, os bancos ganharam a simpatia dos investidores da bolsa, mas também críticas de certos grupos devido aos seus lucros, por muitos considerados excessivos.

Em l992 o Banco de Montreal comemorou o seu l75. aniversário. As perspectivas então pareciam bem melhores do que na década anterior. Durante os anos 80 o banco teve a sua série de problemas devido a empréstimos feitos ao "terceiro mundo" e à industria do petróleo. Então, aumentou as reservas para "cobrir" prejuízos, recebeu alguns pagamentos que estavam em dúvida, tomou outras medidas para remediar a situação e, lentamente, os problemas foram solucionados.

Debaixo da direcção dum novo Presidente do Conselho de Administração, Matthew Barrett, o Banco de Montreal começou a mostrar-se mais agressivo na batalha dos juros de empréstimo, especialmente durante 1991 e 1992. O banco foi invariàvelmente; o primeiro dos bancos a baixar o juro durante o periodo.

A última crise no mercado de propriedades no Canadá, particularmente no Ontário, afectou negativamente alguns bancos. Uma descida no custo da habitação fez com que alguns novos proprietários abandonassem propriedades e responsabilidades quanto ao pagamento de hipotecas. A crise afectou igualmente a industria de construção e provocou algumas falências. Desta vez, ao contrário da crise do débito do "terceiro mundo", o Banco de Montreal não foi tão afectado como, por exemplo, o Toronto Dominion Bank, mais concentrado no Ontário, e que durante os anos 70 tinha sido o banco mais recomendado por analistas financeiros.

Entretanto os bancos, sem excepção, começaram a aumentar o custo dos serviços, como nos começámos a aperceber quando visávamos um cheque ou usávamos outros serviços bancários. Tais aumentos compensaram a redução de receitas noutras áreas e especialmente os "problemas" com as hipotecas. Houve alguns protestos mas os clientes dos bancos, como habitualmente, acabaram por se resignar com as novas tabelas de preços.

Apesar das críticas feitas aos bancos, linhas de pensamento político opostas reconhecem a importância de fortes instituições bancárias para a saúde económica do país. Bancos são agora mais bem considerados do que durante outros períodos no passado. Mesmo em tempos de dificuldade, ou reduzida expansão económica, eles demonstram grande resistência, mesmo invulnerabilidade, a condições negativas e mantêm o seu "poder" económico.

Bancos, aproveitando o facto de terem uma clientela base, gostariam de expandir noutras áreas de negócio, especialmente em seguros.

Acções dos bancos são tradicionalmente vendidas a "low multiples of earnings", isto é, baixo custo em relação aos lucros registados. Também não têm sido consideradas como acções de "crescimento" (growth), mas sim de "rendimento" (income). Deregularização e a globalização a que estamos a assistir pode alterar a situação. No entanto, bancos continuarão a dar dividendos mais elevados do que a maioria das companhias públicas negociadas nas bolsas e não se prevê que esta situação se altere num futuro próximo.

O Banco de Montreal está presente em várias partes do mundo através de companhias subsidiárias. Tem actividades na América central, América do sul, Europa e Extremo oriente. Tem uma presença bastante visível na Inglaterra e nos Barbados. Nos Estados Unidos, o Banco de Montreal adquiriu Harris Bankcorp, Inc. Esta aquisição, feita em l984, suscitou algumas reservas na ocasião, especialmente devido ao elevado preço pago. Afinal, ela provou ter sido uma boa decisão, pois permitiu ao banco a entrada no lucrativo mercado do "Midwest" dos Estados Unidos e de ser a primeira instituição canadiana a oferecer aos americanos todos os serviços que os bancos americanos oferecem. Harris também tem contribuindo favoràvelmente para os lucros do banco e ele próprio tem-se expandido na área de Chicago, tornando-se uma das instituições financeiras mais importantes da região. Recentemente o Banco de Montreal comprou outro instituição bancária em Chicago, Bancorp Inc., amalgamando-o com Harris.

O Banco de Montreal continua a negociar com o governo da China Continental a abertura duma agência no país. Outras iniciativas estão ainda planeadas na China. Tem ainda uma presença forte na América latina, uma área geográfica aonde previsões são sempre difíceis de fazer. Há anos atrás, os bancos canadianos começaram a vender operações no México. No entanto com a entrada em vigor do tratado de comércio livre entre os Estados Unidos, Canadá e México, conhecido pelas iniciais N.A.F.T.A. (North American Free Trade), tem-se assistido a um renascimento de interesse pela região. O banco acabou de negociar a compra de 16% do Grupo Financiero Bancomer, o maior banco mexicano e a segunda maior instituição financeira do país.

A subsidiária brasileira, Banco de Montreal, S.A., nunca correspondeu às expectativas. O Banco de Montreal acabou por vendê-la a uma instituição francesa. Super inflação no Brasil tem constituído um problema no passado, tornando difícil uma avaliação financeira dessa subsidiária. No entanto, a presença do banco no Brasil continua com First Canadian Assessória e Serviços. Limitada, do Rio de Janeiro.

O banco possuía (100%) da conhecida firma de investimentos e corretores da bolsa Nesbitt Thomson. Em 1994 adquiriu outra firma de investimentos Burns Fry. Uma nova empresa surgiu Nesbitt Burns. Após a consolidação, Nesbitt Burns tornou-se a maior firma de investimentos do país. Presentemente, o banco está a fazer uma grande campanha de publicidade na televisão. Anúncios mostrando indivíduos, gente do povo, ajudados pelo Banco de Montreal. "It is possible", lê-se nos cartazes que cada um destes indivíduos mostra. Objectivo da campanha publicitária: atrair pequenos comerciantes e agricultores para empréstimos bancários. Com o fim da quebra económica, o banco está numa boa posição para beneficiar da recuperação.

Com o aumento da cooperação económica internacional e o desmoronamento do comunismo na Europa beneficiará os bancos ocidentais, incluindo o Banco de Montreal, se bem que bancos europeus, e especialmente os alemães Deutsch, Dresden e Kommerz, estejam em posição mais favorável do que os canadianos.

Em produtividade e lucros o banco continua no bom caminho e não se esperam surpresas desagradáveis. No ano passado ele teve um lucro de 986 milhões de dólares, Isto inclui lucros das subsidiárias Harris Bank (lucro liquido foi 213 milhões de dólares - 161 U.S.), Nesbitt Burns (55 milhões) e outras. Dividendos foram aumentados pelo terceiro ano consecutivo.

O banco está a comprar as suas próprias acções para cancelamento, contrariando a tendência do número de acções emitidas aumentarem de ano para ano. Isto prova também que a própria instituição vê valor nas suas próprias acções.

O preço das acções tem oscilado entre 27 e 33 dólares. Mesmo a 33 dólares elas constituem bom valor pelo dinheiro. A companhia oferece estabilidade e lucros previsíveis, é inovadora e reage rapidamente a oscilações da economia. Para investidores concentrados no "longo termo", vivendo tanto no Canadá como fora dele, o Banco de Montreal é uma companhia apropriada para quem quer investir na bolsa canadiana,

(Preparado: Abril 1996)

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