ANO 17 .............................................. No. 100

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2012 ..........Orientador: Álvaro Trigo


ABERTURA

O BOLETIM chegou ao número 100 e vai entrar no seu 18º ano de existência. Durante todo este tempo mercados financeiros têm passado por períodos de euforia e períodos de depressão. A própria ortografia oficial portuguesa foi alterada. O BOLETIM, embora contrariado, conformou-se com a decisão e passou a ser escrito em brasileiro.

No último número tecemos um comentário a uma companhia americana, Porto Energy, ativa na prospeção de gás e óleo em Portugal. As açoes transacionadas a 7 cêntimos recentemente tiveram uma subida vertiginosa quando foi anunciado, num comunicado de imprensa, que ela tinha estabelecido sociedade com a conhecida empresa portuguesa GALP.

Agora, Porto Energy acaba de anunciar os resultados dos testes realizados nos sítios explorados. Eles foram desanimadores. Um poço foi perfurado até 3.240 metros. A 300 metros de profundidade encontrou-se gás coberto por sal, mas concluíu-se que o projeto não era economicamente viável e, consequentemente, foi abandonado. Ações, em poucos dias, passaram de 24 cêntimos para 5 cêntimos.

COMENTÁRIO

A grande contenção terminou. Obama foi reeleito como Presidente dos Estados Unidos. O país defronta-se com inúmeros problemas. Melhorar a produção económica, baixar o desemprego e reduzir o débito nacional são os principais problemas da administração.

Recentemente, numa conferência no Japão, Christine Lagarde, a directora-geral do Fundo Monetário International, alertou os participantes da conferência para os riscos no sistema financeiro mundial. Três riscos foram enumerados: a influência nas economias dos países em desenvolvimento pelas políticas monetárias dos bancos centrais dos países desenvolvidos; um aumento da concentração financeira das instituições grandes demais para falirem e o aumento da “dívida soberana,” esta geralmente conhecida como lixo financeiro.

Christine Legarde apelou ainda aos bancos centrais para colaborarem entre si. Compreenda-se que os designados seriam a Reserva Federal Norte-americana, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão. Afirmou ainda a sua preocupação na continuação da crise financeira iniciada em 2008. Sistemas financeiros continuam inseguros, complexos e dependentes de um pequeno número de grandes instituições, afirmou.

A Grécia, tecnicamente bancarrota, necessita de nova infusão de fundos do exterior. O débito do país é equivalente a 171 por-cento da sua produção económica, e esta continua a decair. Os restantes países da periferia (como agora se costuma dizer) pouco melhor se encontram.

AÇÕES PARA CONTRARIANS

Todos nós temos ouvido a expressão contrarians aplicada a investidores. Um investidor contrarian é aquele que compra quando os restantes investidores querem vender e o mercado está em queda.

O investidor contrarian procura companhias repudiadas por outros investidores e transacionadas a preço baixo. Em muitos casos há justificação para os preços baixos, mas este nem sempre é o caso.

As companhias apresentadas abaixo têm tido má atuação nos últimos tempos. Existe um sentimento negativo em relação a elas. Algumas poderão recuperar, outras poderão estagnar ou mesmo continuar em declínio.

TRANSALTA CORP.

TransAlta (ta) é uma companhia produtora de eletricidade. Recentemente, o valor das ações esteve em queda contínua. Preços baixos para eletricidade, conflito com TransCanada, prejuízos. Tudo isto contribuiu para a baixa. Um dividendo elevado poderá ser reduzido, desviando fundos para outras áreas.

As ações estão agora em recuperação. Talvez não seja estranho o facto de TransAlta ter-se associado com MidAmerican Energy Holdings Cº. na construção de instalações fabris para a produção de eletricidade através de gás natural. A companhia americana é parte dos investimentos do conhecido financeiro americano Warren Buffett.

TRANSCONTINENTAL INC.

Transcontinental (tcl.a) oferece serviços tipográficos. É a maior firma impressora do Canadá e a quarta maior dos Estados Unidos. Muitos dos jornais, magazines, flyers que lemos são possivelmente impressos numa das tipografias de companhia. Uma das suas divisões, TC Media, tem 10,000 empregados no Canadá e Estados Unidos.

Transcontinental tem duas classes de acções: classe A, com direito a um voto por ação, e classe B, com direito a 20. A atuação das ações tem sido irregular, mas com tom negativo.

SUNLIFE FINANCIAL

SunLife (slf) tem sido afetada pela baixa do mercado de ações e baixa de taxas de juros. Após prejuízo substancial, a empresa reverteu a sua fortuna e apresentou lucro no último trimestre. SunLife oferece um dividendo de 36 cêntimos trimestralmente, o que, ao preço recente de $24.37, representa uma yield de 6%. Se as condições dos mercados não melhorarem cremos que uma redução dos mesmos estará no horizonte.

MANULIFE FINANCIAL CORP.

ManuLife (mfc) é a outra companhia de seguros em dificuldade. No entanto, comparando a sua atuação, prejuízos e dividendos distribuídos a acionistas, ManuLife parece ter melhores perspetives do que SunLife. Alguns analistas financeiros vêm melhor futuro a longo prazo para a companhia.

CANADIAN OIL SANDS LTD.

Canadian Oil Sands (cos), com 36% de interesse no projeto Syncrude. Este um um projeto em que óleo é extraído dos areais no sul de Alberta

A companhia provoca controvérsia entre os que a defendem e os que a detestam. Uns argumentam a ideia da necessidade de uma fonte económica e estável de energia; outros manifestam preocupação com a possível deterioração do meio ambiente. Aperfeiçoamento tecnológicos da extração de óleo contribuem para uma redução de custos de produção e menor danos no meio ambiente.

PRECISION DRILLING

Temos escrito frequentemente sobre Precision Drilling (pd) e os problemas que afetam a companhia. Ações continuam em baixa e não mostram sinais de recuperação. A maioria dos analistas financeiros recomenda a sua compra. Um fator que não tem ajudado Precision Drilling é o preço baixo de gás, o que não estimula a prospeção de novos poços de produção. Uma recuperação é possível, mas poderá demorar algum tempo.

AGF MANAGEMENT LTD.

AGF Management Limited (agf.b) é uma companhia de administração de bens, mas mais conhecida do público pelos seus fundos de Investimento.

AGF não tem vendedores e é dependente de advisers para a venda de fundos. Há cinco anos atrás as suas ações chegaram a ser transacionadas à volta $32.00 dólares, agora o mercado dá-lhe um valor de $9.59.

Os problemas residem essencialmente no resgate de fundos de investimento por clientes frustrados pela queda da bolsa ou tentados por ETFs. Não ajuda o facto de uma das administradoras de fundos ter saído de AGF para ir para uma companhia rival.

Ações, ao preço atual, oferecem o yield de 11%. Lucro por ação, 64 cêntimos, dividendo $1.08. Se a companhia reduzir o dividendo, a queda poderá continuar.

(8 de novembro de 2012)

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