BOLETIM FINANCEIRO


ANO 3 ........................................ No. 13

MAIO - JUNHO 1998................... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

O presente BOLETIM sai atrasado, pelo que pedimos desculpas aos nossos leitores. Decidimos apresentar nesta edição uma companhia relativamente pequena mas cuja perspectivas - pelo menos a curto prazo - são bastante prometedoras. Raramente encontramos uma companhia transaccionada num mercado primário com tão boas perspectivas.

Como habitualmente uma palavra de cautela. Limitamo-nos a dar um parecer pessoal baseado no estudo e análise da empresa. Aqueles interessados em investir nesta, ou noutras companhias, deverão procurar adicional informação ou consultar um conselheiro financeiro antes de tomar decisões.

COMENTÁRIO

Casamentos de conveniência entre bancos canadianos continuam a dar que falar e a provocar os mais dispares comentários.

Após o anúncio da fusão do Royal Bank com o Bank of Montreal foi a vez do Canadian Imperial Bank of Commerce e do Toronto Dominion Bank de anunciarem a intenção de se unirem numa só instituição.

Curioso que quando a primeira das fusões foi anunciada o Toronto Dominion foi uma das instituições financeiras que indicou não estar interessada em amalgamação, manifestando o intento de continuar só. Mas não tardou muito que a administração do banco mudasse de opinião.

O governo do Canadá continua a insistir que tais uniões não estão "asseguradas" e que outros interesses, especialmente os dos consumidores, terão que ser levados em consideração antes de que qualquer fusão seja autorizada.

A ideia que prevalece nos meios financeiros é de que é difícil resistir à maré das unificações, especialmente quando a consolidação bancária está a acorrer tanto na Europa como nos Estados Unidos. Gigantismo é a palavra do dia e será muito difícil para o governo travar tal tendência.

Acontecimentos fora do país, especialmente nos Estados Unidos, irão influenciar as decisões do governo canadiano. O governo do país não pode ignorar o facto de que Citicorp e o conglomerado Travellers Group anunciaram a decisão feita em comum de se unirem e, se a unificação se concretizar, ela resultará no estabelecimento da maior instituição financeira mundial.

Citicorp é o segundo maior banco americano e Travellers é um grupo activo em seguros e que tem um banco de investimentos. No Canadá a sua actividade é conhecida principalmente através da subsidiária Primerica, que tem uma rede vasta de vendedores de seguros e de fundos de investimentos

O Congresso Americano terá que dar o seu parecer sobre a consolidação das duas firmas e alterar a lei que proíbe bancos de venderem seguros. Se o projecto se concretizar a nova instituição, CITIGROUP terá uma capitalização de $160 biliões de dólares americanos (160 mil milhões).

Imediatamente após a comunicação de Travellers-Citicorp foi a vez de dois bancos americanos anunciarem terem entrado num acordo de unificação - NationsBank e BankAmerica. Ao que parece ninguém quer ficar atrás...

Certamente que economies of scale resultam em menor despesas para os novos aglomerados. Em vez de dois departamentos de contabilidade, apenas um; em vez de dois departamentos de pessoal apenas um, etc. Quando ambas as firmas têm agências lado a lado o fecho duma (e a manutenção de ambas as clientelas) pouparão dinheiro.

Se as consolidações dos bancos canadianos forem aprovadas, alguns problemas surgirão. Uma das dificuldades será a da unificação das respectivas firmas de investimento. No caso de Royal Bank e Banco de Montreal, ambas as firmas têm duas subsidiárias bem visíveis: Nesbitt Burns e RBC Dominion Securities. Uma das hipótese é a de ambas as firmas continuarem em existência e, neste caso, de competiriam entre si. Esta hipótese é pouco provável. Outra hipótese, mais realista, é a da constituição duma firma única de investimentos. Neste caso indivíduos de valor e ocupando posições importantes nas firmas teriam que as deixar. Menos problemática parece ser a sobreposição de serviços entre CIBC Wood Gundy Securities Inc e TD Securities Inc., as firmas de investimento do Bank of Commerce e do Toronto Dominion Bank, que parecem completar-se uma à outra.

Nem todo o público está a favor destas consolidações. Individualidades de destaque em diferentes sectores da sociedade têm-se pronunciada contra as mesmas.

Um dos oponentes mais intransigentes dos acordos entre os bancos canadianos é Domenic d'Alessandre, presidente da companhia de seguros Manufacturers Life Insurance Co., conhecida como ManuLife. Na reunião anual dos accionistas da companhia, a 26 de Março, ele argumentou calorosamente contra tais uniões e a favor da cláusula que limita o máximo de 10% das acções de bancos que instituições ou investidores individuais possam possuir. Esta cláusula obriga que as acções dos bancos sejam distribuídas por um número vasto de investidores, evitando que instituições bancárias sejam controladas por indivíduos ou organizações.

Hal Jackman, ex-presidente do National Trustco (que foi vendido ao Bank of Nova Scotia) e ex-governador geral da província do Ontario e representante da rainha, apelou directamente para o governo federal para rejeitar tais projectos.

Igualmente importante o parecer de Charles Freedman, do Banco do Canadá. Num estudo feito no ano passado ele argumentou que "maior não significa melhor".

Vários oponentes das fusões de instituições bancárias apresentam fortes argumentos contra as mesmas. Sindicatos, associações de comerciantes, associação de reformados entre outras organizações são adamantinos na sua oposição.

Os quatro bancos canadianos envolvidos nesta unificação têm um missão difícil à sua frente: dissipar a animosidade que se desenvolveu quando anunciaram tais projectos. É mesmo de admitir que eles perderão um pouco da clientela por todo o país. Mas excluindo tais problemas no mercado doméstico as restantes operações e as actividades internacionais deverão beneficiar dessas uniões.

COMPANHIAS PROMETEDORAS

ARCHITEL SYSTEMS CORPORATION

De todas as industrias, telecomunicações é aquela que está a atravessar a mudança mais radical. Deregularização, privatização, global competição e uma transformação tecnológica enorme resultante da convergência de diferentes meios de transmissão (telefones, cabo, televisão).

A industria tem visto mudanças dramáticas na América do Norte. Das mais influentes a introdução do Telecom Reform Act nos Estados Unidos em 1996, permitindo a companhias de telefone de serviços locais, companhias de comunicações inter-urbanas e internacionais e companhias de cabo de oferecerem serviços nas áreas até então proibidas e competirem umas com as outras.

Architel Systems Corporation é uma companhia que beneficia destas revoluções tecnológicas oferecendo programas que facilitam convergências de tecnologias e eliminam problemas inerentes à industria. A companhia é relativamente pequena e pouco conhecida.

Apesar de pequena, Architel Systems Corporation é um leader em O.S.S. (Operations Support Systems) oferecendo sistemas de suporte de operações para a indústria de telecomunicações, reduzindo ou eliminando os problemas resultantes da complexidade e confusão resultantes da convergência de sistemas. A software oferecida por Architel soluciona muitos dos problemas com que a industria se tem confrontado quando começou a alargar as suas operações e a oferecer novos serviços (call desplay, call waiting e call answer) e a aumentar as redes de assinantes. De acordo com fontes bem informadas, e devido ao aumento em linhas telefónicas, convencionais e celulares, o mercado da integração de sistemas (OSS) deverás aumentar anualmente em 22%.

O principal produto da companhia é a software ASAP que possibilita a activação de serviços de voz e de data através de telefones convencionais e celulares. Para aumentar a clientela e executar operações sem problemas, companhias de telecomunicações recorrem aos serviços e produtos de Architel.

Entre os clientes de Architel contam-se nomes mundialmente conhecidos tais como Ameritech, MCI, WorldCom, Bell Atlantic e US West, nos Estados Unidos; MetroNet, Bell Mobility, BC Tel, MT&T no Canada, Airtel (Espanha), TeleNor (Noruega), Telecom New Zealand Ltd. (Nova Zelândia).

O sucesso de Architel confirmou-se recentemente quando a firma sueca de renome internacional Ericsson escolheu ASAP como plataforma de serviços. Architel formou ainda uma aliança estratégica com Andersen Consulting.

A companhia alargou também a sua presença nos Estados Unidos, ao abrir escritórios no Texas e no Colorado, e ao abrir outro em Londres, do qual tenciona fazer a sua base para a expansão de operações na Europa.

As receitas da companhia provêm, na maior parte, de licenças de uso da sua software. Parte das receitas são usadas em investigação e no desenvolvimento de novos produtos - assinalando o objectivo da companhia de continuar à frente da competição.

A prova do crescimento da companhia é reflectida através dos resultados financeiros. Receitas totais em 1997 (excluindo receitas de investimentos) foram de 33 milhões de dólares, um aumento de 84% em relação ao ano anterior. A receita por acção foi de 32 cêntimos comparado com 20 cêntimos em 1996. Devido à emissão de novas acções, para aumentar o capital, e ao exercício de opções, o lucro por acção foi reduzido de 26 cêntimos em 1996 para 20 cêntimos em 1997.

O número de empregados aumentou 50%, de 141, em 1996, passou para 211 em 1997.

Architel fará aquisições se encontrar empresas cujas actividades se coadunem com as da companhia.

Preço das acções de Architel Systems Corp a 31 de Dezembro de 1996 - $8.45. A 31 de Dezembro de 1997 - $12.50.

Recentemente, o preço das acções tem oscilado entre quinze e dezasseis dólares. Na última semana de Abril houve uma subida no preço de 12 % e a companhia apareceu à frente duma lista de BIG BUYER INTEREST do Report on Business do jornal Globe & Mail. (2 de Maio de 1998).

Embora pequena a companhia está a dar nas vistas e a mostrar sólida fundações. Com a maior parte das receitas a serem utilizadas em aperfeiçoamento e novos produtos, ela mostra o desejo de continuar a crescer.

As acções de Architel são transaccionadas na bolsa de Toronto (símbolo ASY).

(Preparado: Maio de 1998).


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