BOLETIM FINANCEIRO


ANO 4 ........................................ No. 19

MAIO - JUNHO ........................... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

Neste número do BOLETIM apresentamos DOFASCO, INC, uma companhia envolvida numa actividade totalmente diferente daquelas apresentadas anteriormente - produção de aço.

Para aqueles que se querem iniciar no mercado de acções, com recursos financeiros reduzidos ou pretendem limitar os seus investimentos a uma ou duas companhias, DOFASCO INC. poderá ser excluída a favor de bancos ou companhias de comunicações, que deverão constituir sempre a primeira escolha para investidores extremamente conservativos ou preocupados com a preservação de capital. Mas para aqueles que pretendem ter uma pasta de investimentos diversificada, e com firmas que representem bom valor, DOFASCO passa o teste mais rigoroso.

Outra companhia considerada para este número foi CCL INDUSTRIES INC., uma empresa pouco mencionada na imprensa e que produz embalagens especializadas. Apesar de desconhecida do público em geral os seus produtos encontram-se praticamente em todas as casas canadianas. Loções para o cabelo, frascos de vitaminas, óleos ou aditivos para carros, são alguns dos inúmeros produtos que usam embalagens produzidas por CCL. A companhia oferece grande estabilidade e até uma certa previsibilidade em receitas. No entanto ela foi excluida devido ao facto de haver um número reduzido de acções emitidas de Classe A e em poucas mãos. As acções oferecidas ao público e negociadas na bolsa são as de classe B (sem direito a voto). É certo que muitos investidores têm beneficiado ao investir em acções no-voting, mas ter o direito a votar é uma vantagem que não se deve ignorar. Os argumentos a favor e contra acções sem direito a voto têm-se mantido por décadas. Alguns analistas financeiros têm apontado o caso de Laidlaw, em que accionistas possuidores de acções sem direito a voto obtiveram bons resultados. Por outro lado, há alguns anos atrás, accionistas sem direito a voto, duma das companhias mais conhecidas do Canadá, Canadian Tire Corporation Limited, travaram uma "batalha" com a administração da empresa ao sentiram-se prejudicados for serem excluídos em deliberações afectando os seus investimentos.

O nosso retraimento acerca de investir em acções sem direito de voto, deve-se ao facto de accionistas não terem voz activa em decisões importantes afectando essas companhias. Apenas em casos raros eles poderão exercer esse direito.

COMENTÁRIO

Primeiro foram as fusões entre companhias, as ditas mergers, agora são as fusões entre bolsas.

Se uma proposta apresentado para a "reforma" das bolsas canadianas for aprovada pelas autoridades competentes, passarão apenas a haver duas bolsas para transaccionar acções no país. Uma bolsa primaria em Toronto, para as companhias de maior capitalização, e outra em Calgary. Desta última fariam parte as companhias presentemente registadas nas bolsas de Vancouver, Alberta e Montreal e as negociadas under de counter através do Canadian Dealing Network.

O projecto é apresentado como "uma reforma que se impunha desde há muito". Palavras pomposas e a aparência de ideias progressivas vão sempre bem com tais decisões.

A redução em importância de Vancouver parece não ter preocupado a Colômbia Britânica. Hoje em dia as transacções são feitas através de computadores. Localização física deixou de ter a importância que tinha no passado.

Em 1990 Vancouver foi a primeira bolsa norte-americana a abandonar o floor e a fazer todas as transacções electronicamente. Enquanto Calgary será a sede desta bolsa renovada, parte dos serviços administrativos continuará em Vancouver.

Vancouver tem tido má fama nos meios financeiros. In 1890 a conhecida revista financeira Forbes classificou-a como "a capital da vigarice financeira".

Entretanto a bolsa de Montreal será transformada numa bolsa de derivativos. É de esperar que o governo da província do Quebeque não fique satisfeito com a decisão.

Enquanto a Bolsa de Toronto continua a ter uma actuação monótona e com falta de direcção, as americanas persistem em alcançar novos "máximos". O pequeno excitamento que existe em Toronto deve-se ao facto do sector de matérias primas estar a mostrar sinais de ressurgimento. Acções de companhias como Inco e Cominco, parte da indústria mineira, estão a recuperar, se bem que os preços de metais continuem ainda baixos e estas companhias registem prejuízos.

O mercado está a prever um "volte face" para matérias primas. Gestores de fundos de investimento que usam a técnica conhecida como "rotação de sectores" começaram a transferir fundos doutros sectores para os de matérias primas. Resta apenas esperar para ver se estes cálculos não falham como aconteceu muitas vezes no passado.

Um factor positivo para a economia canadiana, será a recuperação no preço do óleo, actualmente a ser vendido à volta de $18.00 US dólares o barril. Se as maiores nações produtoras de petróleo (membros e não membros da OPEC) mantiverem os cortes de produção prometidos (e algumas têm a tendência para faltar às promessas) e se a Ásia continuar a recuperação económica é de esperar que o preço se mantenha a este nível ou que chegue mesmo aos $20.00 US dólares. A crise em Kosovo, a obrigar uma utilização elevada de combustível pela aviação da OTAN, tem também contribuído para um maior consumo de combustível.

Automóveis. autocarros e veículos de carga são os maiores consumidores de combustível. Se por um lado há uma tendência para carros construídos recentemente terem menor consumo, por outro lado cada vez há mais carros. Excesso de petróleo no mercado tem mantido preços baixos. Mas há indicações de que o consumo de gasolina nos Estados Unidos continua a aumentar.

Para aqueles que investem em petróleo uma pequena compensação: com preços baixos a exploração de novas fontes é reduzida. Eventualmente aquelas existentes acabam for ficar "secas" e preços acabarão por aumentar.

PANORAMA CANADIANO

Peter Munk, Presidente de TrizecHahn e de Barrick Gold recebeu cerca de 39 milhões de dólares em 1998, tendo sido "o cabeça da lista" dos administradores de companhias públicas mais bem pagos do país.

Em segundo lugar na lista, Richard Currie, presidente da cadeia de supermercados Loblaws, com uma compensação anual de 34 milhões.

Em terceiro lugar, Frank Stronach, presidente de Magna International, com 26 milhões. Mr. Stronach já foi número um noutros anos.

Outros nomes importantes Frank Hasenfratz, de Linamar Corporation, 21 milhões; Galen Weston, de George Weston Ltd., com 15 milhões; Gerald Schwartz, de Onex Corporation, com 11 milhões.

Estas importâncias constituem uma combinação de salário, bónus, compensações diversas (consultaria, por exemplo) e opções. É curioso que entre os inúmeros executivos que receberam aumentos de salários, há alguns cujas companhias apresentaram uma redução de lucros.

Se estas verbas parecem exagerados, accionistas não parecem preocupados. Nos Estados Unidos a maior compensação financeira em 1998 coube a Michael Eisner, o presidente de Walt Disney, que recebeu $853 milhões de dólares americanos.

Estas verbas são do conhecimento geral pois que companhias públicas são obrigadas a fornecer tal informação ao público.

ACÇÕES A CONSIDERAR

DOFASCO INC.

DOFASCO é uma das maiores firmas produtores de aço do Canadá. Os principais locais de produção são em Hamilton, na província do Ontário e em Michigan, nos Estados Unidos. Joint ventures no Quebeque e em Kentucky (Estados Unidos).

A produção de DOFASCO é utilizada principalmente na industria automobilística, em construção, energia e também em contentores, tubagem, condutas e industrias variadas.

A companhia é uma das mais eficientes na indústria na América do Norte, utilizando técnicas modernas, quer na produção de aço através de oxigénio ou recuperação de metais utilizando altos fornos.

DOFASCO sobressai pela sua eficiência, despendendo parte considerável das receitas em modernização de instalações e no treino de empregados e operários.

Um dos problemas com que a industria do aço se defronta, tanto no Canadá como nos Estados Unidos, são praticas ilícitas doutros países, o chamado dumping, em que países exportam produtos a preços inferiores aqueles que vendem internamente. Países asiáticos e Rússia são os maiores delinquentes. Outros países, acusados das mesmas práticas: Roménia, Eslováquia e França.

Alguns destas casos estão a ser julgados em tribunais de comércio internacional.

DOFASCO entrou numa associação com DoSol Galva para a produção de aço galvanizado para a carroçaria de viaturas. A parte de DOFASCO é 20%. DoSol Galva é uma companhia especializada em produção de aço resistente a corrosão.

Receitas líquidas para 1998 foram $175 milhões de dólares canadianos ($2.04 por acção) em comparação com $181 milhões de dólares em 1997 ($2.12 por acção)

A companhia pagou $104 milhões de dólares do seu débito, melhorando o net debt ratio, redimiu acções preferred e comprou acções para cancelamento.

O preço das acções tem oscilado entre $26.65 e $15.25 (1998); $31.60 e $20.00 (1997) e $26.55 e $17.25 (1996). No fim de Abril o preço rondava os $23.00. Com um dividendo anual de $1.00, cerca de metade dos lucros, o yield representa mais de 4%.

As acções são negociadas nas bolsas de Toronto e Montreal.

(Preparado: Maio de 1999).


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