BOLETIM FINANCEIRO


ANO 4 ........................................ No. 20

JULHO - AGOSTO 1999 ........................... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

Estamos a meio do verão e um ambiente de acalmia reina nos meios financeiros do país. Muitos investidores encontram-se de férias ou simplesmente passam os fins de semana nas moradias de verão à beira de lagos, reconsiderando as próximas iniciativas financeiras. Este é um bom período para reconsiderar estratégias para o resto do ano ou para ponderar em novos investimentos. Uma forma de aplicar as economias ainda não abordada pelo BOLETIM é a de investir em companhias de propriedades.

Imobiliário, principalmente propriedades de rendimento, é um sector que, no passado, tem recompensado generosamente aqueles que nele investem. Esta é uma área que atrai investidores conservativos e que procuram rendimento estável. Real Estate é uma importante subdivisão da Bolsa de Toronto e de importância para a economia canadiana. Parte da presente newsletter é dedicada a este tema.

COMENTÁRIO

Desde há muito que investidores em matérias primas têm vivido em agonia e desespero devido à actuação pobre do sector. Será que a indústria irá finalmente recuperar após anos de languidez e prejuízos?

Tem sido um período prolongado de incerteza e tormento para investidores em matérias primas. Para aqueles cansados da depressão desses produtos um renascer de interesse no sector trouxe um raio de esperança. Após um longo período de mau tempo e nuvens negras, o sol começa a despontar no horizonte.

Basta ler os jornais da especialidade para verificar que começa a haver um interesse na indústria; nomes tais como Inco, Cominco, Falconbridge começam a circular mais, agora num tom positivo. O mesmo se passa com as empresas de papel e produtos florestais - MacMillan Bloedel Ltd, Abitibi-Consolidated Inc. e outras. Após um longo sofrimento, investidores nestas companhias bem merecem boas notícias.

A indústria petrolífera está igualmente em recuperação. Companhias de exploração, refinação, serviços ou venda directa ao público, continuam a melhorar a situação financeira e as suas acções a serem mais procuradas.

Os culpados do passado são os benfeitores do presente. Recuperação económica na Europa e Ásia constituem boas notícias para a indústria.

Estrangeiros, até agora afastados de matérias primas, começam a manifestar interesse pela actividade. Tal reflecte-se no preço das acções. Mas este sector não é, de maneira nenhuma, nem adequado para novos investidores, nem para aqueles que compram acções e as conservam por muito tempo, vulgarmente conhecidos como investidores de buy and hold. A indústria é afectada por ciclos económicos e sujeita aos altos e baixos da economia.

Um tema de discussão no momento presente é o da criação duma moeda única para a América do Norte. Isto seria a próxima etapa na associação de comércio livre entre o Canadá, Estados Unidos e México, conhecida como NAFTA.

Mas o que significa uma moeda comum para os três países? Ao contrário da Europa, a moeda única significa apenas a aceitação do dólar americano como moeda comum.

A ideia está a ganhar adeptos em certos meios de influência. Para alguns economistas e até parte da população, existe um certo suporte para a aceitação da moeda americana como moeda do país.

Com o alargamento de relações comerciais entre Canadá, México e Estados Unidos, e a noção de que se deve responder à integração monetária europeia, esta ideia tem gradualmente ganho adeptos.

No entanto, para os nacionalistas canadianos nem pensar em tal coisa. Eles "explodem" de raiva ao simples mencionar duma moeda comum, a adopção do dólar americano como moeda dos três países, substituindo o dólar canadiano e o peso mexicano. O argumento, neste caso, é que os interesses económicos destes países são diferentes. Canadá perderia controlo da política monetária, ficando à mercê dos Estados Unidos.

Num artigo publicado no Globe & Mail, Brian R. Russel, um canadiano, professor na University of Georgetown (USA), se bem que concordando que há alguns problemas ao adoptar o dólar americano no Canadá, afirma que eles são solucionáveis, e que o maior risco é de descurar a matéria. Se os políticos não se preparam agora, a alternativa é de terem que confrontar o problema mais tarde, quando a leverage para o Canada será muito menor e o país poderá ser forçado a negociar numa posição de fraqueza.

IMOBILIÁRIO - REAL ESTATE

Possuir propriedades tem sido, através dos tempos, um meio de fazer fortuna. Para quem que não tem possibilidade de adquirir propriedades, prédios ou terrenos, existe uma opção - investir em acções de companhias públicas de imobiliário.

Após a crise dos anos 80 existe de novo grande procura para alugar escritórios e habitação, uma procura que a oferta parece não satisfazer.

Apresentamos em baixo uma lista de algumas companhias envolvidas em imobiliário, com propriedades de rendimento e negociadas na bolsa de Toronto. Elas têm apartamentos, plazas, edifícios comerciais, etc. A lista é parcial e outros nomes igualmente importantes não são mencionados.

CAMBRIDGE SHOPPING CENTRES LTD - Uma das maiores empresas de shopping centres. Recentemente mostrou interesse em comprar shopping centres na Inglaterra.

Uma preocupação para pequenos investidores: Cambridge é praticamente controlada por dois fundos de pensões - a Caisse de Dépot et Placement du Québec, com mais de 50% das acções, e o fundo de pensões de Canadian National Railway Co.

Quando a Caixa decidiu lançar-se num take over da companhia, accionistas minoritários ficaram numa posição de assistentes passivos. Resultado: o preço das acções desceu como consequência da falta de liquidez.

Dos setenta e dois milhões de acções emitidas de Cambridge, a Caixa possui cerca de 60 milhões.

GENTRA - Suspeita de ser também uma candidata à compra dos shopping centres ingleses. Os administradores da companhia estudarem a situação e afirmaram não estar interessados.

Gentra foi formada após o desaparecimento de Royal Trust, em má situação financeira. Os fundos de investimento do Royal Trust foram comprados pelo Royal Bank, o maior banco canadiano, e as propriedades acabaram por ir parar a uma nova firma baptizada com o nome de Gentra. Só recentemente esta companhia começou a ter lucros. Não tão importante como as outras mencionadas, mas numa fase interessante de recuperação.

CADILLAC FAIRVIEW CORPORATION - Outro competidor para a compra das plazas britânicas.

Cadillac Fairview é uma das maiores companhias de propriedades na América do Norte. Possui os maiores shopping centres e edifícios de escritórios. Participa ou administra 104 propriedades, no total de 51 milhões de pés quadrados, incluindo 11 shopping centres nos Estados Unidos. Recentemente anunciou uma joint-venture com uma firma americana para a construção dum shopping centre em Atlanta, a começar no ano 2000.

DUNDEE REALTY - Outra companhia em grande crescimento e baixo debt ratio. Em 1988 o activo da companhia aumentou em $280 milhões de dólares quando adquiriu o grupo de companhias Camreal. Em 1999 Dundee Realty passou a fazer parte do 300 TSE index.

TRIZECHAHN CORPORATION - Companhia imprescindível em qualquer lista de imobiliário. Impulsionada por um energético e publicamente visível Peter Munk, TrizecHahn está lançada numa expansão desenfreada. A companhia não só se tem expandido enormemente na América do Norte como também na Europa.

Na Europa empreendimentos are joint-ventures. Locais têm uma melhor percepção do mercado do que aqueles que estão à distancia. Por isso mesmo a direcção da companhia é descentralizada. Em Budapeste colaboração com Polus; em Espanha, em colaboração com o grupo Riofisa, com dois projectos, um em Madrid e outro em Valência. Projectos existem também na Republica Checa e Eslovaquia. TrizecHahn está a apostar na sua experiência de gestão para tornar esses investimentos lucrativos.

Estas são algumas das companhias negociadas na bolsa de Toronto.

INVESTMENT TRUSTS

Investir em investment trusts está-se a tornar popular no país. Eles são semelhantes a fundos de investimento da classe conhecida como closed. Também podem ser considerados investimentos colectivos, isto é, quando um grupo de pessoas constitui uma sociedade comercial.

Este tipo de investimento pode ser subdividido em diferentes categorias. As mais comuns são: óleo e gás, condutas, matérias primas e propriedades de rendimento, estas também conhecidas como Real Estate Income Trust Units ou (REITs).

Em vez de acções, investidores compram units. Existem diferentes espécies de trust units, também mencionados, por vezes, como income units.

Tal como acções, unidades são negociados nas bolsas. A Bolsa de Toronto mostra já 78 diferentes investment trusts. O valor das trust units tal como o das acções varia conforme a oferta e procura.

O objectivo destes investimentos é de oferecer rendimento elevado e, na maioria dos casos, reduzir ou adiar o pagamento de impostos através de depreciação ou devolução de parte do capital.

A forma mais popular de investment trusts é aquela que investe em imobiliário, REITs - Estes possuem propriedades de rendimento - industriais, comerciais ou residenciais.

Os trusts distribuem o cash flow pelos investidores (unit holders) e oferecem vantagens no que diz respeito a impostos. Geralmente oferecem uma yield elevada.

A participação nesta classe de investimento tem que ser compreendida, pois que as características das trust units são diferentes das características das acções.

O único ponto negativo é que enquanto o pior que pode acontecer a um accionista duma companhia pública é perder o seu investimento na totalidade, o possuidor de trust units tem uma responsabilidade que vai para além do seu investimento. Naturalmente que estas companhias tomam precauções para reduzir ou eliminar tais riscos. Uma delas é de que débitos não poderem exceder uma percentagem do activo. Desta maneira o perigo duma leverage excessiva é reduzido. A indústria tem apresentado petições ao Ministério das Finanças para limitar a responsabilidade de possuidores de unidades.

Uma das maiores atracções desta forma de investimento, especialmente nos REITs, é o yield elevado em comparação com outras formas de investimento. Dez por cento ao ano é comum. Isto comparado com os 3 ou 4% em Depósitos de Investimento (GICs) ou Títulos do Tesouro (T-Bills). Como estes investimentos são em propriedades de rendimento eles produzem uma receita permanente. Rendas recebidas, após deduzidas as despesas, são passadas aos investidores.

Trust units são negociadas nas bolsas, tal como acções, distinguindo-se daquelas por terminarem em .UN. Por exemplo o símbolo de Maximum Energy Trust é MXT.UN. Elas tem boa liquidez e são relativamente simples de estudar, pois que investidores têm apenas que examinar uma espécie de investimento, ao contrário de investimentos diversos que são comuns em companhias públicas.

INVESTIMENTO A CONSIDERAR

H. & R REAL ESTATE INVESTMENT TRUST

Um investimento a considerar é H&R Real Estate Investment Trust.

H&R REIT é um closed end investment trust. A organização tem participação em 20 propriedades de escritórios, 36 propriedades industriais, 3 propriedades de lojas comerciais, além doutros projectos em execução. A maior parte das propriedades é na área de Toronto.

A companhia está bem financiada. O maior projecto actual é a construção duma torre em Calgary, que servirá para a sede de TransCanada PipeLines.

Segundo previsões de analistas a torre de TransCanada PipeLines contribuirá com um cash flow previsível por 25 anos. Quando o projecto for completado distribuições aos possuidores de units aumentarão.

Durante o primeiro trimestre do ano foram distribuídos aos investidores $0.306 por unit, comparado com $0.247 para o mesmo período em 1998, um aumento de 23%. Receitas de operações (receitas relacionadas com as actividades primárias da firma) foram $32.7 milhões representando um aumento de 56% sobre o primeiro trimestre de 1998.

Desde o primeiro trimestre de 1998, H&R acrescentou ao seu activo 21 propriedades (de escritórios e industriais) e tem ainda 6 projectos em preparação. O valor total de propriedades aumentou em 69%, de 475 milhões de dólares no primeiro trimestre de 1998 para 804 milhões no fim do mesmo período em 1999.

Valor de propriedades aumentou em 69% para $804 milhões comparados com $475 milhões no primeiro trimestre de 1998. A área das propriedades aumentou 55%.

A companhia distribuirá $0.092 cêntimos por unidade neste mês (Julho), o que corresponde a um pagamento anual de $1.10.

Através do uso de leverage, H&R continua numa expansão agressiva, tendo adquirido recentemente propriedades no valor de mais de 30 milhões de dólares.

Unidades da companhia são negociadas na Bolsa de Toronto sob as iniciais HR.UN.

Preço recente $11.70, representando aproximadamente uma yield de 10%.

(Preparado: Julho de 1999).


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