Apresentamos neste número BIOVAIL CORPORATION INTERNATIONAL. Esta companhia não é considerada um "blue chip", mas tem bastante visibilidade no mercado canadiano e é seguida por um bom número de analistas financeiros. Ela é uma empresa que tem tanto de interessante para estudar como de difícil para seguir e avaliar. BIOVAIL proporciona possibilidade de bons ganhos, mas apresenta mais riscos do que aquelas companhias que temos apresentado no passado. Possibilidade de maiores ganhos trazem sempre maiores riscos.
O ano 2000 aproxima-se e com ele o BOLETIM entrará no seu quinto ano de publicação. Estamos a preparar algumas alterações que pensamos irão ser apreciadas pelos nossos leitores.
Estamos no fim do fim do verão. O mercado canadiano tem-se mantido numa atmosfera de relativa tranquilidade. Enquanto que a estação foi caracterizada por mercados voláteis, investidores não se têm mostrado muito preocupados. Dois ou três acontecimentos que noutras circunstâncias constituiriam sensação parece não os terem impressionado. Na ausência de casos importantes as férias decorreram tranquilas para a maior parte deles.
Canadian Airlines continua a perder dinheiro e está à beira da falência. Onex - uma companhia especializada em buy outs - pretende adquiri-la bem como Air Canada e transforma-las numa companhia única.
Eaton's, uma instituição no país, apesar de contínuas "operações cirúrgicas" mostrou-se incapaz de resistir aos inúmeros problemas e após a liquidação das mercadorias em armazém, a decorrer neste momento, fechará as suas portas para sempre.
Os juros nos Estados Unidos continuam a ocupar as colunas dos jornais. Subirão ou não? Aconteça o que acontecer nos Estados Unidos o dólar canadiano continuará fraco. Já estamos cansados de esperar pela recuperação. A esperança também se "gasta".
Aguardemos o que outono nos trará. Possivelmente será tão monótono como o verão... Mas por vezes é preferível a monotonia do que a excitação gerada por más notícias.
UP - NORTEL NETWORKS - O preço das acções desta companhia, que produz equipamento para comunicações, continua a subir. Negociadas a pouco mais de quarenta dólares no ano passado elas ultrapassaram os cem. Com o recente split (cada acção foi convertida em duas) já andam à volta dos setenta. Nortel está a ganhar novos contractos e nos Estados Unidos compete de igual para igual com LUCENT TECHNOLOGIES e CISCO SYSTEMS. Accionistas aplaudem.
SIDEWAYS - SLEEMAN BREWERIES LTD. Verdadeiros apreciadores sabem distinguir um bom dum mau produto e bons produtos em cerveja pertencem a Sleeman. A companhia é tão devotada a excelência que se recusa a vender cerveja em lata. O produto é bom mas o preço das acções não avança. Será que os investidores estão preocupados com o debt to equity ratio?
DOWN - T. EATON COMPANY LTD. - Não há falta de candidatos para baixas. Dois nomes encabeçam a lista: CANADIAN AIRLINES (a companhia aérea na qual muitos portugueses vieram para o Canadá quando ela pertencia ao grupo Canadian Pacific) e Eaton's. Optámos por Eaton's.
Eaton's, é uma das firmas mais antigas e respeitadas do Canada. Com quase século e meio de existência não era uma firma, era uma instituição. Problemas financeiros obrigaram a companhia, até então privada, a tornar-se pública. Mas as vendas não aumentaram. Acções negociadas a 15 dólares inicialmente, passaram para dez, depois para cinco... Bem a queda vai finalmente parar... Na bancarrota não podem descer mais do que zero. Já não há respeito por tradição. Sinal dos tempos...
Biovail Corporation International é uma companhia farmacêutica envolvida no desenvolvimento e produção de medicamentos. Ela está em duas áreas de produção: criação de novos remédios, do que resulta numa produção exclusiva pelo período permitido por lei, e manufacturação de produtos genéricos, quando patentes expiram e cópias podem ser feitas.
Biovail está envolvida em todas as fases de produção e distribuição no mercado; desde investigação laboratorial e ensaios clínicos até vendas e marketing. Através da sua divisão Crystaal a companhia efectua testes de produtos farmacêuticos para outras firmas e oferece assistência técnica e científica em qualquer grau de desenvolvimento de medicamentos.
Fora do Canadá a companhia não vende os seus produtos directamente ao público mas entra em acordo com multinacionais para marketing e venda dos mesmos. Com produtos próprios, debaixo de licença ou em colaboração com outras firmas da especialidade, directa ou indirectamente, Biovail está presente em mais de 55 países.
Os produtos mais importantes da firma são Tiazac e Retavase, ambos postos no mercado por Crystaal, a divisão de Biovail para distribuição e marketing.
Tiazac, um medicamento para o tratamento de angina de peito e hipertensão, começou a ser vendido Grã-Bretanha e na Holanda recentemente. Retavase, um anticoagulante, começou a ser vendido no Canadá.
Outros produtos lançados no mercado canadiano foram: Celexa, um anti-depressivo, e o analgésico Brexidol (piroxicam-beta-cyclodextrin). Este desde há dez anos que é vendido na Europa.
Enquanto Biovail desenvolve e produz medicamentos independente de outras companhias ela coopera e tem acordos com multinacionais na manufacturação de novos medicamentos. A companhia colabora com firmas tais como Glaxo e Teva Pharmaceuticals.
Ela lançou uma versão genérica de Verelan nos Estados Unidos. Este é um produto igualmente indicado para hipertensão e angina. Biovail adquiriu direitos de distribuição de Cardiac Status, um medicamento de Spectral Diagnostics Inc.
Biovail aguarda a aprovação da U.S. Food and Drug Administration para a introdução de seis novos produtos nos Estados Unidos e tem estado em discussões com Fuisz Technologies Ltd., uma firma americana com sede em Vermont (USA), para a venda de alguma das suas operações na Europa.
No ano 2000 inúmeras patentes expirarão. Biovail tenciona tirar vantagem da situação para iniciar a produção de novos produtos genéricos.
Biovail, dentro da indústria farmacêutica, é uma das companhias com maior crescimento. Enquanto que a produção de medicamentos tem aumentado 17% anualmente, o crescimento anual de Biovail, para os próximos dois anos, está previsto em 40%.
Se em indústrias estáveis é necessário atenção contínua ao analisar companhias, para a indústria farmacêutica isso é ainda mais importante. Esta é uma indústria de grande complexidade e cujas previsões são difíceis de fazer. Novos produtos, competição extrema, milhões dispendidos em produtos que nunca chegam ao mercado, direitos exclusivos que terminam, são alguns dos problemas que afectam a indústria. Para aqueles que investem nestes companhias segui-las dia a dia é uma necessidade.
A produção dum novo medicamento envolve milhões, desde os ensaios clínicos até à introdução no mercado, e alguns dos "novos" produtos ficam pelo caminho por não provarem ser eficientes. Mesmo a produção de versões genéricas é onerosa e o processo de aprovação oficial é dispendioso e demorado. Firmas têm que provar que as versões genéricas são bio-equivalentes às versões originais. Litígios e acções de tribunal são frequentes na indústria.
Existem acções judiciárias postas em tribunal contra a firma e Biovail tem acções em tribunal contra outras empresas por violações de direitos. Isto é comum em produtores de drogas genéricas. Três casos contra Biovail estão ainda por resolver.
Actualmente analistas financeiros de quinze diferente firmas (entre os quais as firmas de investimento do Royal Bank, RBC Dominion Securities, e do Imperial Bank of Commerce, CIBC Wood Gundy), seguem a companhia.
Receitas em 1998 foram de 112 milhões de dólares americanos (82 milhões em 1997, 66 milhões em 1996). Lucros (por acção) em 1998 de $1.70 ($1.38 em 1997, 92 cêntimos em 1996 ). (A companhia usa dólares americanos).
Biovail tem estado a comprar as suas próprias acções para cancelamento. Correntemente existem 24 milhões e meio de acções emitidas.
Acções da companhia são negociadas nas bolsas de Toronto e Nova Iorque. Preço recente: $58 U.S., um pouco elevado mas reflectindo o seu valor.
Mínimo e máximo para o período dum ano: $20 U.S. e $60 U.S. Sem acontecimentos negativos e numa baixa de preço, acções da companhia constituem um compra atractiva.
Biovail Corporation International não é um "blue chip" e não é indicada para iniciados ou investidores conservativos, mas poderá fazer parte duma carteira de investimentos diversificada ou de investidores mais agressivos.
Copyright © 1999 Álvaro Trigo