BOLETIM FINANCEIRO


ANO 6 .............................................. No. 29

JANEIRO-FEVEREIRO- 2001 ......... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

Este é o primeiro número do Boletim do ano 2001 e com ele vão as nossas esperanças de que o ano seja proveitoso para todos com óptima saúde e bons investimentos.

No princípio de cada ano é costume fazer um prognóstico de como ele se irá desenrolar. Há sempre os optimistas que garantem que tudo irá decorrer pelo melhor, que não há razão para preocupações e que o mercado só conhece uma direcção - subir. Outros, pessimistas, mostram-se, pelo contrário, apreensivos. Na realidade, ninguém possui a varinha mágica de ler o futuro. Humildade e reconhecimento das nossas próprias insuficiências é a posição adequada. Naturalmente que temos que tomar decisões - decisões baseadas nas condições conhecidas, mas reconhecendo que as circunstâncias mudam.

Há um consenso geral entre os economistas de que o crescimento económico está a entrar num período de abrandamento. "Soft landing" ou recessão? Devido ao facto de que as conclusões dos economistas são unânimes devemos aceitá-las como certas. Tais condições afectarão a bolsa e a actuação de inúmeras companhias. Há uma convicção de que os juros irão baixar e o investimento que oferece melhor protecção para as condições actuais do mercado são obrigações. E é sobre obrigações que dedicaremos parte do nosso BOLETIM.

Para aqueles que desejam investir em acções, algumas ideias a considerar no momento actual. Num enfraquecimento do mercado, companhias que descem menos são as chamadas "blue chips", com uma história de distribuição de dividendos. Outro ponto a considerar é o de ter uma pasta de investimentos diversificada. Deve-se igualmente ajustar os investimentos em relação às condições do mercado, mas faze-lo com muita frequência pode ser arriscado e é trabalho que é melhor deixar para profissionais.

Num pequeno artigo abaixo, apresentamos, em forma resumida, cinco companhias com boas perspectivas. Num extremo, para o investidor conservativo, TransAlta Utilities é uma companhia adequada para novos investidores; noutro extremo uma firma praticamente ignorada, mas extremamente bem administrada - Contrans. Cada uma destas companhias tem características diferentes e apresenta riscos e recompensas igualmente diferentes. O nosso intuito é apresentá-las ao leitor. Aqueles interessados em saber mais sobre elas, devem proceder a uma investigação suplementar - um estudo mais profundo das mesmas ou recorrer à opinião dum conselheiro financeiro.

RESUMO DE 2000

O índice do Toronto Stock Exchange 300 acabou o ano a 8,933 pontos, um ganho de 6% sobre o fim do ano anterior, melhor do que outros índices americanos. O Dow Jones industrial average terminou a ano a 10,786 pontos, uma descida de 6% em relação ao mesmo período.

O Nasdaq Stock Market fechou a ano a 2,471 pontos, uma descida de 39% em relação ao fim de 1999. No entanto, se pensarmos na extraordinária subida de valorização deste índice, especialmente das companhias de tecnologia, aquelas geralmente referidas como ".com", ele pode ainda descer mais.

Tanto no Canadá, como nos Estados Unidos, companhias bem conhecidas estão a passar um período difícil. No Canadá não se pode falar no TSE sem se falar na Nortel. O preço das acções desta companhia, a mais admirada do sector de tecnologia, tem estado extremamente volátil, com grandes subidas e descidas, e acabou a ano a $48.25 dólares, quando em Agosto chegara aos $124.50. Um ano igualmente difícil para Imax, Wi-lan e Gaec.

Nos Estados Unidos descidas notáveis. Microsoft acabou a ano a $43.36 US ($116.75 US no fim de 1999). Em dificuldade, também, as conhecidas Kodak ($39.37 US) e Xerox ($5.62 US).

Aquisições alcançaram um valor improcedente no ano 2000. E não vai ficar por aqui. Devido à tendência actual de consolidação existem mais candidatos para serem adquiridos por outras companhias, principalmente nos sectores de óleo, produtos industriais, fundos de investimentos e companhias de seguros. O elevado custo de energia torna especialmente vulneráveis as indústrias de polpa de papel, aço e mineira.

INVESTIMENTOS PARA 2001

BONDS

Obrigações (bonds) constituem um refúgio nos tempos presentes. Esta é a recomendação que os "entendidos" estão a fazer. Mas não certamente "junk bonds", pois que quando se fala em obrigações, qualidade é de importância suprema.

Obrigações parecem fáceis de compreender. Numa obrigação os elementos principais são conhecidos. Sabe-se qual é o capital (valor da obrigação), o rendimento (juro) e a data de maturidade. Pode-se dizer que o rendimento do investimento é certo. Mas após estas pequenas e simples definições, quando investidores negoceiam obrigações as coisas começam a complicar-se. Primeiro, é a qualidade das obrigações. Companhias têm créditos diferentes, significando riscos maiores ou menores. Obrigações podem ser transaccionados a par, discount ou premium. Obrigações têm prazos diferentes de maturidade, short-term (com menos de três anos para a maturidade), medium-term (de três a dez anos) e long-term (mais de dez anos).

Se bem que pareça que compreender e avaliar o valor de obrigações é matéria simples tal não é o caso, especialmente no que diz respeito ao seu valor intrínsico em relação aos juros, período de tempo até vencimento, além de outros factores. Calcular o valor real de obrigações é especialmente difícil para um leigo, dado que há uma série de factores que influenciam os seus preços. Se os juros flutuam assim flutua o valor das obrigaçõs. Depois há os "junk bonds". O termo é usado para referir a obrigações emitidas por firmas de crédito duvidoso. Para atraírem investidores estas obrigações dão um juro elevado. Se o juro é elevado, existe também a possibilidade da firma não poder cumprir as suas responsabilidades financeiras.

Obrigações não são fáceis de negociar por indivíduos. Falta-lhes liquidez. Além disso nem todos os chamados "discount brokers" estão nesse mercado. Quem quiser comprar obrigações deve considerar investir num Fundo de Investimento (Mutual Fund). Report on Business, do "Globe & Mail" e o Financial Post, no "National Post", publicam mensalmente listas de Fundos de Investimento de diversas categorias. Entre elas a de classe de bonds, com informação sobre os resultados financeiros dos diferentes fundos por períodos de um, três, cinco e dez anos.

MUTUAL FUNDS

Quais os Fundos de Investimento (Mutual Fundos) a adquirir numa baixa de mercado? Em tempos de incerteza, ou descida de mercado, fundos de dividendos (dividend funds) oferecem uma resistência maior a descidas do que fundos de crescimento (growth).

Dividend funds têm nos seus porta-fólios companhias que dão dividendos, tais como TransCanada PipeLines, Westcoast Energy, Enbridge e bancos.

Igualmente fundos com acções de preferência (preferred shares) tendem a descer menos do que fundos que se concentram em acções comuns. Tais fundos são geralmente classificados como Dividend Income Funds.

Um fundo de dividendos que tem tido boa actuação tem sido o Dividend Fund do Banco de Montreal, com um aumento de valor anual (em média) de cerca de 20% nestes últimos cinco anos. Duas vantagens de fundos de investimento vendidos pelos bancos são: acessibilidade, pois que se vendem em qualquer banco, e a ausência de comissão.

COMPANHIAS A INVESTIGAR

VINCOR INTERNATIONAL INC. - Pensando comprar acções duma companhia vinícola? Talvez Andre Wines ou Magnota (as acções que nunca passam de um dólar)? Porque não considerar a companhia canadiana mais importante da industria, Vincor International Inc.?

Vincor lançou-se numa campanha de crescimento através de aquisições e é presentemente a quarta maior companhia da indústria vinícola da América do Norte, com 270 marcas diferentes de vinhos. A companhia tem comprado pequenos produtores (T. G. Bright & Co, Ltd., London Wines, Okanagan Vineyards).

Vincor produz anualmente mais de cem milhões de litros de vinho, dos quais um quarto são vendidos no Canadá. Competição para a companhia vem principalmente dos Estados Unidos, Europa, Chile e União Sul Africana. Curioso que o sector que está a crescer mais rapidamente não é o de vinhos baratos, mas o de vinhos de qualidade que custam mais de $15.00 a garrafa.

CANADIAN TIRE CORP. LTD. - Despesas anormais em distribuição, inventário excessivo e despesas em inovação tecnológica relacionadas com vendas on-line reduziram os lucros da firma. O preço das acções (em baixa) reflectem essas circunstâncias.

Apesar da competição, e da entrada no mercado canadiano de Wall-Mart, Canadian Tire é considerada uma companhia boa para "tempos maus" e para o do it yourself... A um preço elevado as acções seriam para ignorar, mas com um ratio price-earnings-to-growth atractivo e a serem negociadas a um preço baixo, este é um investimento a considerar.

CANADA BREAD - Os factos são: acções transaccionadas a $10.45, um ratio P/E de 28 e um dividendo anual de 24 cêntimos. Para 2001 receitas previstas: 95 cêntimos. Os novos administradores estão no bom caminho e tencionam reduzir despesas, aumentar producção e alargar a presença nos Estados Unidos.

Pode-se dizer com respeito a esta companhia: monótona, mas marchando a passo firme, ou, ignorada, mas que não deve ser desprezada.

DANIER LEATHER INC. - Bem, a indústria não é a mais excitante do mercado... Mas não existe uma palavra chamada diversificação? E o que dizer acerca da moda? Casacos de cabedal, cintos, carteiras... Tudo em voga... Há sempre um segmento da população que gosta destes produtos e para cabedal Danier é a melhor escolha. Comparada com as firmas competidoras, Danier tem tido melhor actuação e o maior crescimento. No ano 2000 vendas aumentaram em 31% e lucros 75%. A firma entrou no mercado americano. Começou com uma loja em Long Island , no estado de Nova Iorque, a segunda abriu na mesma área no ano 2000.

TRANSALTA CORPORATION - Esta é a maior companhia, não regulada, generadora de electricidade do país. Com mais de $6.6 biliões de activo tem operações no Canadá, Estados Unidos, México e Austrália. É uma das companhias do país que dá dividendos mais elevados.

( Preparado: Janeiro 2001 )


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