BOLETIM FINANCEIRO


ANO 6 .............................................. No. 34

NOVEMBRO -DEZEMBRO- 2001 ......... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

A presente situação económica é de incerteza e causa apreensão. Interdependência económica vem complicar mais uma evolução que, já por si própria, é difícil de prever. Prudência e paciência devem estar sempre no espírito dos investidores. Este é o último número do Boletim Financeiro do ano de 2001 e com ele vão os nossos votos de Boas Festas. Para todos Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

COMENTÁRIO

A bolsa de Toronto continua a recuperar, numa subida lenta mas progressiva. Apesar da maioria das corporações canadianas estarem a apresentar resultados (vendas e lucros) inferiores aos dos anos anteriores, preços de acções estão a subir lentamente. Isso talvez signifique que existem poucas opções para investidores. Com juros baixos e depósitos bancários a darem 3 ou 4 por cento de rendimento, eles estão a regressar ao mercado. A procura neste momento é para produtos financeiros relativamente estáveis e que ofereçam lucros aceitáveis.

Investimentos com relativa segurança e rendimento previsível não são fáceis de encontrar. Real Estate Investment Trusts, que investem em propriedades, preenchem esses requisitos. Basta ver como o preço das unidades dos chamados REITs RioCan, H. & R. e Summit sobem dia a dia. Investidores que põem ordens de compra a preços mais baixos do que o do market, à espera de fazer a transacção numa descida, são forçados a aumentar as ofertas, se as querem comprar, ou cancelar as ordens.

O dólar canadiano, vulgarmente conhecido como loonie, continua a sua queda em relação ao americano. Economistas dão-nos as suas explicações abalizadas. Porque é que a moeda canadiana baixa em relação à americana? Quando a economia dos Estados Unidos está forte, o dólar canadiano baixa em relação ao americano porque a economia americana está forte. Lógico, claro. E quando a economia dos Estados Unidos está fraca? Bem, o dólar canadiano baixa em relação ao americano em simpatia...

WARRANTS

O que é uma warrant? warrant é o direito à compra de um título de investimento a um preço determinado durante um certo tempo.

Warrant são negociáveis tal como acções. Um exemplo: o possuidor duma warrant da companhia X tem o direito a comprar uma acção dessa companhia a $10.00 (exercise ou strike price) até 31 de Dezembro de 2001 (expiration date). Se a warrant for executada, o custo do investimento será o preço da warrant (suponhamos $2.00) mais o custo da acção, (suponhamos $10.00), total de $12.00.

Se o preço das acções aumenta, o valor das warrants aumenta muito mais. Isto é leverage. Suponhamos que o preço das acções da companhia X passa para o dobro. No nosso exemplo o valor das warrants aumenta muito mais. Agora as acções são negociadas a $20.00. Ao exercer-se a opção de as comprar tem-se um lucro imediato de $8.00 por acção ($20.00 menos $12.00). Em teoria as warrants valem agora $10.00, em vez de $2.00, isto é quatro vezes mais do que as acções que aumentaram para o dobro.

Naturalmente que isto trabalha em ambas as direcções. Se o preço das acções baixa o valor das warrants baixa muito mais. Um exemplo: as acções são agora negociadas a $5.00. Neste caso não faz sentido pagar $10.00 adicionais para comprar o que vale apenas $5.00. As warrants chegarão ao fim do prazo sem serem convertidas e com o valor de zero.

Deve-se compreendendo bem como warrants funcionam antes de se investir nelas. Só se devem comprar aquelas que sejam activamente negociadas (tenham boa liquidez), tenham um prémio pequeno (isto é: negociadas a não muito mais do que o custo original) e cujo prazo de vencimento seja de, pelo menos, dois anos.

COMPANHIAS A CONSIDERAR

VINCOR INTERNATIONAL INC.

Aproxima-se o Natal e as comemorações de fim do ano, por isso decidimos escolher para apresentar aos nossos leitores neste número do BOLETIM uma companhia de vinhos - Vincor International Inc.

Vincor foi formada há dez anos atrás, em resultado da fusão de Brights, Cartier, Inniskillin e outras firmas. A produção vinícola da companhia consiste de vinhos premium (preço elevado) e vinhos para o mercado popular. Ela tem ainda uma linha de bebidas refrescantes (hard limonade). Este ano introduziu um novo produto no mercado -Inniskillin icewine.

Vincor pretende aumentar a sua presença globalmente e iniciou uma política agressiva de aquisições. No ano passado absorveu as companhias canadianas Sumac Ridge Estate Winery Ltd e Hawthorne Mountain Vineyards Ltd, da Colômbia Britânica. Adquiriu também R. H. Phillips, uma companhia vinícola da Califórnia, por 136 milhões de dólares, esta foi a primeira etapa para se introduzir nos Estados Unidos. Este ano adquiriu outra companhia americana, Hogue Cellars, a segunda maior do estado de Washington, Hogue Cellars, por 56 milhões de dólares. Vincor tem agora produção (vinhas) no Ontario, Colômbia Britânica, Quèbec, Novo Brunswick e Califórnia. No Canadá os seus produtos são vendidos em mais de 160 lojas de vinhos (Wine Rack).

A companhia é a maior produtora e distribuidora de vinhos do Canadá, controlando mais de 25% do mercado, mais do dobro de Andrés Wines (a segunda maior) e a quarta na América do Norte. O seu objectivo é de ser incluída no grupo dos dez maiores produtores mundiais de vinho dentro dos próximos cinco anos. Presentemente Vincor ocupa a 23ª posição. A próxima iniciativa, segundo Donald Triggs (Presidente e C.E.O. da companhia), será aumentar a presença de Vincor nos Estados Unidos, com a aquisição doutra companhia americana e adquirir ainda uma australiana.

A compra de Hogue Cellars aumentará as vendas em mais de um milhão de caixas de vinho e as receitas em mais de 60 milhões de dólares americanos. Para financiar a aquisição Vincor emitiu 7,120,000 acções. O débito já é elevado e seria insensato aumenta-lo ainda mais. A companhia tem integrado, com sucesso, as novas aquisições na sua linha de produtos e é de esperar que a consolidação produza uma economia nas despesas.

Com o crescimento e aumento da presença em mercados internacionais Vincor irá encontrar competição mais forte. Para a penetração na Ásia com vinhos de qualidade (preço mais elevado) tem usado estabelecimentos duty-free. No Canadá compete igualmente com vinhos baratos provenientes de vários países estrangeiros. Mas a administração da companhia tem-se mostrado à altura da situação. Quanto a depressão... se a economia está boa, pessoas bebem para comemorar; se está má, bebem para esquecer.

Esta não é uma companhia de primeira linha, mas a considerar para adicionar a uma pasta de investimentos diversificada. Sem ser das maiores negociadas na bolsa de Toronto ela é seguida por um elevado número de analistas. As análises têm sido, geralmente favoráveis quanto a resultados financeiros.

Lucros para o ano fiscal que terminou em 31 de Março último foram de $14,332.000.00 ($.97 cêntimos por acção), um aumento de 8% sobre o período anterior ($13,292.000.00 ou $.91 cêntimos).

Preço por acção no fim de Outubro: $17.60 ($10.50 - $18.34 durante o ano). A companhia não paga dividendos.

Esta é uma companhia com boa administração, estabilidade e cujas receitas e lucros têm aumentado anualmente. Acções são negociadas na bolsa de Toronto com o símbolo VN.

(Preparado: Novembro de 2001).


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