ANO 7 .............................................. No. 40

NOVEMBRO - DEZEMBRO - 2002 ......... Director: Álvaro Trigo


INTRODUÇÃO

Este é o último número do Boletim de 2002. O mercado continua moribundo e este é um ano para esquecer. Com destroços por todo o lado, investidores que ainda não abandonaram o mercado tentam minimizar prejuízos.

Como temos demonstrado frequentemente através destas linhas somos conservadores em matérias de finanças, embora de tempos a tempos também aceitemos riscos. Por isso decidimos apresentar no final número do Boletim do ano de 2002 uma companhia de características conservativas.

Para tempos de incerteza, como os que estamos presentemente a viver, blue chips, pagando dividendos, constituem uma oportunidade que não deve ser descurada.

Hesitamos entre um banco, (Royal Bank), um exchange-traded fund que acaba de ser constituido, (iReit), e uma companhia de energia, (Emera), dicidindo finalmente pela última, se bem que as outras duas constituam candidatas para serem discutidas num dos próximos números.

COMENTÁRIO

O índice da bolsa de Toronto (S&P/TSX) fechou a menos de 6,000 pontos (5,935) nos primeiros dias de Outubro, o valor mais baixo desde 27 de Outubro de 1998.

É difícil recordar tempos tão maus para esta e as outras bolsas mundiais. Descidas continuam e quando h´a uma pequena subida e se pensa que se chegou ao fundo do mercado a descida recomeça.

Basta ver o que acontece com fundos de investimento que investem em acções (equity funds). As quedas são enormes. Alguns perderam à volta de 30 por cento nos últimos dois anos. Com investimentos reduzidos em valor, investidores estão desesperados. Em consequência desse estado de espírito continuam a retirar dinheiro de fundos de investimento.

Nos tempos presentes preservação de capital é o mais importante. Depois, é sempre bom receber dividendos periodicamente. Blue chips, pagando dividendos constantes, são das poucas empresas atraindo atenção de investidores.

BOLSA DE TORONTO

Talvez alguns dos nossos leitores já tivessem notado que a designação da bolsa de Toronto, que costumava ser TSE, mudou para TSX. Isso reflecte mudanças naquela organização nos últimos tempos, quando ela comprou as acções da bolsa de Vancouver.

Falemos na história da bolsa de Toronto desde o seu nascimento até aos acontecimentos mais recentes. Ela foi oficialmente criada a 25 de Outubro de 1861 com 18 securities, estando aberta apenas meia hora diária.

Desde então crescimento e inovação transformou-a radicalmente, acompanhando um processo similar que acontece por toda a parte. Iniciativas recentes:

Em 1977 o TSX iniciou o primeiro Computer Assisted Trading System mundial.

Em 1996 foi a primeira bolsa americana a introduzir fracções decimais.

Em 1997 tornou-se totalmente electrónica deixando de ter corretores no floor para a execução de ordens, terminando assim uma tradição, o que foi muito lamentado.

Em 2000 assistiu-se àsua demutualização. O TSE tornou-se uma companhia com objectivos comerciais (lucro), mudando o nome para "The Toronto Stock Exchange Inc.".

Em 2001 as mudanças foram drásticas. Primeiro, adquirindo a bolsa de Vancouver, esta conhecida como Canadian Venture Exchange (CDNX), depois, afirmando a sua intenção de se tornar uma companhia pública.

O TSX Group (como foi baptizada a nova companhia) tomou a decisão de se tornar pública com o acordo dos accionistas, que cederam parte das suas acções. Entre estes, 90 no total, contam-se os maiores bancos e companhias de investimento, que se desfizeram de 64 por cento das acções. Estas foram oferecidas em subscrição pública.

Incluindo 36 por cento das acções ainda na posse de bancos e firmas de corretores há 33.8 milhões de acções emitidas. Existe igualmente a opção de serem emitidas mais 2.8 milhões.

As possibilidades da própria bolsa, como investimento a curto termo, parecem ser favoráveis devido à tendência para um aumento de transacções (e são transacções que produzem os lucros) e de listagem de novas companhias.

O TSX é a principal bolsa do Canadá e a sétima mundial (pelo valor das companhias listadas).

COMPANHIAS DE PRIMEIRA QUALIDADE

EMERA INCORPORATED

EMERA INCORPORATED é uma companhia do sector de energia com sede na província de Nova Escócia e com uma existência de cerca de 80 anos.

Através de subsidiárias, Emera serve mais de meio milhão de clientes e tem um activo de 4 biliões de dólares.

Anteriormente chamada Nova Scotia Power a companhia reorganizou-se mudando o nome para Emera Incorporated e tornou-se uma companhia holding, adoptando uma estratégia de expansão no nordeste da América do Norte.

As subsidiárias são as seguintes:

Nova Scotia Power Inc., com produção, transmissão e distribuição de mais de 90 porcento da electricidade consumida em Nova Escócia. Esta companhia constitui a base de Emera.

Bangor Hydro-Electric, a segunda maior fornecedora de electricidade do estado americano do Maine, servindo a cidade de Bangor e a zona Atlântica. As vendas desta empresa ultrapassam os 200 milhões de dólares americanos anuais.

Esta aquisição facilita a expansão de Emera naquela área dos Estados Unidos.

Emera Energy, constituída em 2001, cuja função é administrar e suportar crescimento em investimentos de energia no nordeste da América do Norte. Isto inclui a administração duma companhia de combustível, Emera Fuels, e investimentos em Maritimes & Northeast Pipeline (12.5%) e Sable Project (8.4%)

Emera Fuels Inc., que vende combustíveis (gasolina e gasóleo), lubrificantes, óleo para comércio, industria e privados em Nova Escócia e Nova Brunswick. Fornece igualmente equipamento para aquecimento.

Emera Incorporated tenciona emitir acções neste Novembro. Com as receitas pagará o débito incorrido quando da compra de Bangor Hydro-Electric.

Uma das atracções desta companhia é o dividendo elevado (5%).

O preço das acções tem uma volatilidade extremamente baixa. Elas têm sido transaccionadas entre $16.01 e $18.10 durante os últimos doze mêses.

Este é um investimento extremamente conservativo, para aqueles que prescindem de grandes ganhos de capital em favor duma actuação consistente e aceitável.

As acções são negociadas na Bolsa de Toronto com o símbolo (EMA-TSX). Preço a 31 de Outubro: $17.20.

INVESTMENT TRUSTS

Investidores gostam da ideia de ter um investimento que lhes dê um rendimento constante. Investiment Trusts, com a sua promessa de distribuições permanentes, têm preenchido essa lacuna.

Inicialmente estes investiam em óleo e gás ou imobiliário. Tanto óleo como gás oferecem yields superiores a 10 por cento. Em alguns casos a vida do trust é limitada: quando as matérias primas se esgotam as receitas acabam e o trust termina. Idealmente investidores já receberam o capital investido mais um ganho atraente durante a vida da propriedade. Noutros casos o trust continua a adquirir novas propriedades (com ou sem nova emissão de acções) e permanece em existência.

Trusts investidos em imobiário (REITS) oferecem distribuições menores, mas não têm uma vida limitada.

Aproveitando o grande interesse despertado por esta forma de investimento novos investiment trusts estão a ser lançados diariamente no mercado. Uma palavra de caução: nem todos conseguirão cumprir as suas promessas ou objectivos.

Uma pergunta a fazer: porque é que uma companhia que dificilmente tem lucros, ao transformar-se em investment trust começa imediatamentea dar distribuições na ordem dos 9 porcento? E quando o trust chegar ao ponto de precisar reinvestimento para sobreviver onde poderá encontrar mais capital?

Presentemente existem trusts para todos os gostos: armazéns frigoríficos, restaurantes, distribuição de produtos alimentícios, companhias de transporte, produtos tipográficos, etc. Um acaba agora de se formar: IAT Air Cargo Facilities (ACF.UN) com armazéns junto a aeroportos para carga aérea. E muitos outros poderíamos nomear pois a lista não tem fim.

Aplicar dinheiro em investment trusts é mais complicado do que investir em acções e investidores considerando aplicar capitais neste tipo de investimento devem tomar as necessárias precauções.

(Preparado em Novembro de 2002)

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