ANO 9 .............................................. No. 56

JULHO - AGOSTO 2005 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Este número do BOLETIM sai consideravelmente atrasado. Isto deve-se ao facto de nos termos ausentado do Canadá por um longo período de tempo.

Agora, de novo em terras canadianas, reatamos a nossa rotina habitual.

Este número sai também numa forma reduzida. Finalmente, a próxima edição sairá impreterivelmente no dia 1 de Setembro, quando voltaremos à regularidade habitual.

No número anterior tratamos de Calls (options), neste tratamos de Puts. Alguns investidores, ganhando confiança nos seus conhecimentos, começam a investir em formas mais complexas dos mercados financeiros. Opções oferecem possibilidades de bons ganhos, mas como já dissemos anteriormente são investimentos complexos e não adequados para noviços.

COMENTÁRIO

Por vezes temos dúvidas sobre a saúde económica do Canadá, mas basta olharmos à nossa volta para verificar que outros países estão em situação bem pior. Apesar de nos queixarmos da situação financeira do país, a economia é a melhor entre os maiores países industrializados, os chamados G-7. Deste grupo o Canadá é o único comsurplus, tanto no orçamento do estado, em que as receitas são mais elevadas do que as despesas, como no comércio externo. O país depende menos do capital estrangeiro do que os Estados Unidos, o que faz com seja menos afectado por flutuações da moeda. Até mesmo a inflação é menor no Canadá do que nos Estados Unidos.

Se nos atrevêssemos a divagar sobre Portugal então só haveria coisas negativas a comentar. A dívida pública do país é elevada e o novo governo socialista parece não ter muitas opções, reduzir despesas, aumentar impostos ou ambos. Cada governo português parece deixar a economia em pior estado do que o anterior. Primeiro, foram os socialistas que deixaram o país de “tanga”, na opinião dos sociais-democratas; depois estes, no governo, para remediar a situação começaram a vender empresas públicas – uma medida muito em voga actualmente – que provocou comentários em que alguns ironicamente perguntavam “... e depois de venderem os anéis, irão também vender os dedos...” Agora, de novo no poder, socialistas descobrem que a situação financeira do país ainda é pior do que a que se previa.

No Canadá, a bolsa de Toronto tem tido actuação aceitável. O sector da economia mais em evidência tem sido o da energia. Acções de companhias de petróleo têm tido ganhos substanciais, reflectindo lucros das empresas. Desde aquelas companhias conhecidas pelas suas bombas de gasolina, Petro Canada, Suncor, Imperial Oil, até às de menos visibilidade pública, Encana, Talisman, Canadian Nacional Resources, todas têm apresentado ganhos substanciais. Enquanto a procura pelos produtos petrolíferos continuar, lucros continuarão. Também o sector bancário continua em subida constante – e nada parece contê-la.

O Canadá continua a resistir à pressão de aumentar juros de desconto. Enquanto nos Estados Unidos o overnight rate tem subido, o governador do Banco do Canadá tem resistido a quaisquer aumentos. No entanto, ele tem avisado que um aumento dos juros é inevitável. Se estes começarem a subir consideravelmente assistiremos, de certo, a uma rotação nos investimentos. Companhias do sector de utilities electricidade, condutas, etc., as tais monótonas mas estáveis e com bons dividendos, serão afectadas pelos juros, pois que muitos investidores “mudam-se” para depósitos bancários e outras formas de investimento.

NOTÍCIAS

RONA INC. – Esta companhia continua a expandir-se e a adquirir pequenas companhias da mesma especialidade. O inimigo a bater é a grande empresa americana HOME DEPOT. A última aquisição de Rona foi uma empresa de quinquilharias (hardware) de Alberta, TOTEM BUILDING SUPPLIES INC. A tarefa da companhia canadiana não se apresenta fácil dado o “poder” financeiro daquela companhia americana.

FUNDOS DE INVESTIMENTO – Parece que o mau tempo já lá vai para Fundos de Investimento. Este Junho foi o melhor Junho desde 1998. Investidores estão a dar preferência a fundos que dêem dividendos. Bancos têm sido os maiores beneficiários do novo entusiasmo pelos fundos, em detrimento de firmas de investimento.

OPTIONS - PUTS

No número anterior falamos de calls, neste falamos de puts.

Enquanto o comprador dum call tem o direito, mas não a obrigação, de comprar acções, o comprador do put tem o direito, mas não a obrigação, de as vender durante um tempo limite. No outro lado da transacção, o vendedor de put opções, (writer), é obrigado a comprar as acções se o comprador exercer esse direito.

Suponhamos que o leitor está preocupado que as acções da companhia ABC vão descer em breve. Então decide comprar 10 contratos de ABC put options, exercíveis ao preço de $20.00. (cada contrato representa 100 acções) com data de expiração em Dezembro. Ao pagar um prémio de $1.00 por acção tem agora o direito de vender 1,000 acções da companhia a $20.00 cada até à data de expiração, independentemente do preço a que elas estejam a ser transaccionadas.

Por outro lado o vendedor (put writer) é obrigado a comprar as 1000 acções da companhia a $20.00 por acção, se o comprador exercer esse direito. A esperança do vendedor é de que as acções não desçam durante o período.

Ambos investidores vêem vantagens na posição que tomaram. O comprador da put opção comprou 100 acções ao preço corrente de 20.00. Se as acções descem para $18.00, ele tem um lucro de $2,000 (10%) antes de comissões. Para o vendedor (writer), se não houver transacção, ele continua na posse das acções e recebe um rendimento extra.

Para o investidor mediano opções constituem investimento arriscado. Mesmo muitos com experiência não se sentem à vontade nesta área de investimento.

Investir em opções é uma matéria complexa que pode servir para diversos objectivos. Frequentemente lemos artigos de especialistas que apresentam diversas estratégias, até mesmo o uso simultâneo de calls e puts das mesmas companhias, como protecção, etc. Aparte de regras específicas às opções, limite de tempo e outras, elas são negociadas nas bolsas tal como acções, através de firmas de investimento (brokers).

Além de opções de acções, também as há sobre índices, etc.

As ideias expressas neste artigo são básicas. Nas bibliotecas existem muitos livros e estudos sobre o assunto, que podem ser consultados gratuitamente.

(19 de Julho de 2005)

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