ANO 9 .............................................. No. 58

NOVEMBRO - DEZEMBRO - 2005 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Este é o último número do BOLETIM DE 2005. Outro fim do ano que se aproxima. Após três anos de resultados favoráveis no mercado, investidores começam a estar nervosos, com a percepção de que os bons tempos podem ter chegado ao fim. (Mais sobre o assunto no COMENTÁRIO abaixo).

Como é habitual muitos investidores, pensando nos impostos a pagar, tomam decisões respeitantes aos seus investimentos. Aqueles que têm ganhos de capital devem considerar vender acções de companhias em que tenham percas. A ideia é de reduzir os ganhos para pagar menos impostos.

COMENTÁRIO

O alarme está dado: juros estão a subir, o preço de combustíveis está a aumentar, juros sobre hipotecas e impostos camarários sobem... Isto não são boas notícias para consumidores e podem-se reflectir negativamente nos mercados financeiros.

A pergunta que anda no ar é: qual a direcção do mercado? Outubro foi um mês terrível para as bolsas do Canadá. O Toronto Stock Exchange teve o pior mês de 2005. Acções de energia estiveram à frente da baixa. Enquanto a bolsa de Toronto perdeu 5.7%, o índice de energia perdeu 13.3%. O índice dos serviços financeiros abrandou um pouco a queda, pois que subiu 1%.

Se Outubro é um mês mau para a bolsa há os que, apesar de tudo, continuam moderadamente optimistas. Segundo o Stock Traders Almanaque, o período de Novembro a Fevereiro é, tradicionalmente, o melhor trimestre para as bolsas americanas.

NOTÍCIAS

HUDSON’S BAY COMPANY

Finalmente a cortina abriu-se e o rumor confirmou-se. Um financeiro americano – Jerry Zucker – pretende comprar a HUDSON’S BAY COMPANY. A notícia não constituiu surpresa total. Desde há muito que se falava no assunto.

Mr. Zucker já tem uma porção enorme de acções da companhia. Segundo informação vinda a público, primeiro, ele começou a vender acções de HBC, forçando uma baixa do preço; depois, começou a comprar, fornecendo então suporte para a sua estabilização.

Este financeiro possui quase 20% de acções da companhia e propõe-se comprar aquelas que ainda não possui, oferecendo $14.75 por acção. Valor total da compra - 1.1 bilião de dólares. O preço é tentador para accionistas, mas não possivelmente para os gestores da empresa.

HUDSON’S BAY COMP. foi criada em 1670, por decreto do rei Carlos II de Inglaterra, permitindo o estabelecimento dum monopólio de comércio de peles, numa área que faz agora parte do norte das províncias canadianas do Ontário e Manitoba. A companhia antecede, por centenas de anos, a criação do Canadá como país.

BARRICK GOLD CORP.

A “merger mania” continua. BARRICK GOLD CORP. - a terceira companhia mundial produtora de ouro - quer adquirir PLACER DOME INC..

Se o plano for avante BARRICK passará a ser a maior empresa da indústria, com cerca de 10% de produção mundial de ouro. Presentemente, a americana Newmont é a maior produtora.

MÁS NOTÍCIAS – BOAS NOTÍCIAS

Há companhias que o público ignora, outras que ganham má reputação, outras que produzem maus resultados num trimestre. Em qualquer das circunstâncias o preço das acções desce, por vezes precipitadamente, e tal constitui boa oportunidade para investidores entrarem no “barco”.

O que se considera más notícias para uns podem significar boas notícias para outros.

Um exemplo desta situação: CLEARWATER SEAFOODS, uma companhia de pesca no Atlântico, cujas acções são transaccionadas na bolsa de Toronto (clr.un). Os resultados financeiros de CLEARWATER, no segundo trimestre deste ano, foram desastrosos. A companhia teve grande redução nos lucros, que foram pouco além dos $600.000, mas distribuiu 9 milhões de dólares aos unitholders. Como tais distribuições são insustentáveis, CLEARWATER decidiu suspende-las temporariamente. Tanto bastou para que o valor das unidades se afundasse, chegando aos $2.50. Repare-se que o preço delas oscilara, até então, entre $10.13 e $5.65.

Quando distribuições recomeçarem, mesmo que sejam reduzidas substancialmente, elas deverão continuar a ser atractivas neste ambiente de juros baixos. Um sinal favorável é que os administradores possuem cerca de 50% das unidades. Isto é bom sinal.

INCOME TRUSTS

Income trusts, ou Investment trusts, continuam na ordem do dia.

Agora toda a agitação é sobre impostos.

Em corporações normais, tanto as empresas como investidores pagam impostos, mas quando corporações se convertem em trusts elas deixam de os pagar. Impostos são pagos apenas pelos investidores.

O governo crê que está a ser prejudicado quando corporações se transformam em trusts. Segundo uma estimativa do Ministério das Finanças do Canadá, o fisco perde anualmente cerca de $300 milhões de dólares quando companhias usam esta estrutura.

O governo está a estudar o assunto e, enquanto os estudos continuam, decidiu suspender a autorização para novos pedidos de conversão.

Agora há incerteza sobre qual será a decisão do governo. é até possível que ele deixe tudo na mesma sem fazer alterações. Se bem que algumas companhias façam a conversão para trusts, devido à atracção de não pagar impostos, investidores individuais não os evitam e, devido ao marginal tax rates, nalguns casos eles são bem mais elevados do que os das corporações.

A concluir este segmento do BOLETIM reproduzimos uma notícia interessante sobre Investment trusts que foi publicada no passado dia 26 de Setembro, no suplemento FINANCIAL POST, do National Post.

Segundo um estudo de RBC Capital Markets, entre os 227 Investment trusts negociados na bolsa de Toronto, há 13 que são americanos. A maioria dos investidores possivelmente não se apercebe disso.

Uma investigação dessa firma identificou essas corporations: ACS Media Income Fund, Associated Brands Income Fund, Custom Direct Income Fund, Great Lakes Carbon Income Fund, KCP Income Fund, Heating Oil Partners Income Fund, Specialty Foods Group Income Fund, Atlantic Power Corporation, FMF Capital Group Ltd, Keystone North America Inc., Medical Facilities Corp., Student Transportation of America Inc. and Royster-Clark Ltd.

A diferença é que estas companhias não são verdadeiros trusts. Enquanto os trusts canadianos não pagam impostos (na empresa), os americanos eventualmete acabarão por os pagar. Estas empresas aproveitam para se “disfarçar” de trusts devido ao apetite dos canadianos por tal forma de investimento

(7 de Novembro de 2005)

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