ANO 11 .............................................. No. 68

JULHO - AGOSTO 2007 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Entrámos agora no Verão, tempo de férias. Mesmo longe de casa podemos acompanhar a actuação do nosso portefólio.

Com o advento da internet é possível seguir o mercado e fazer transacções on-line onde quer que estejamos. A menos que queiramos ir para uma ilha deserta ou alojarmo-nos nos confins do mundo informação nunca está muito longe de nós.

COMENTÁRIO

Após anos de mercado em subida, será que estamos no limiar de uma queda? Desde princípios de Outubro de 2002 o índice da bolsa de Toronto subiu mais de 140%. Subidas não continuam eternamente sem interrupções, violentas ou moderadas.

Com a subida dos juros e a expectativa de aumento da inflação há fortes possibilidades dum declínio da bolsa.

Para investidores com fundos disponíveis há a opção de os colocar em depósitos a curto prazo, títulos do tesouro e outros investimentos cash até haver sinais concretos do movimento da economia e do mercado. Para quem investe a longo termo, descidas de mercado constituem, igualmente, oportunidade de compra.

“Mergers and Aquisitions” continuam a ser referidas na imprensa da especialidade. Recentemente, um artigo interessante sobre o tema foi publicado no Report on Business, do Globe and Mail, com o título “Qual será a próxima empresa a ser absorvida?” O artigo menciona 21 companhias que, devida a situação financeira saudável e boa actuação, poderão ser objecto de tentativa de aquisição.

Outros órgãos de imprensa focam o mesmo assunto. Alguns investidores estão mesmo a adquirir acções de companhias que são candidatas a serem compradas. Quando tal acontece o valor das acções sobe substancialmente.

Uma tentação para compradores são empresas estáveis, com boa situação financeira, débito reduzido e “cash flow” positivo (este é definido como cash flow resultante de operações normais subtraído de despesas de capital e de dividendos), uma posição dominante na indústria e o potencial para crescimento. Nalgumas situações as companhias que adquirem outras, usam as próprias receitas líquidas das adquiridas para pagar a aquisição.

A compra de BCE continua a ser o tema do dia. Pension Plans, Telus e um grupo americano entraram na linha para adquirirem a companhia. Entretanto, Telus, a segunda maior companhia de telecomunicações do país, declarou que já não esta interessada em BCE, até ver, claro...

Grupos de investidores liderados por Ontario Teachers Pension Plan Board, Canada Pension Plan Investment Board e a firma particular americana, Cerberus Capital Management LP, continuam na competição. Devido a restrições, limitando o valor de investimento estrangeiro a menos de 50% do valor de certas companhias canadianas o grupo americano tem que trabalhar com canadianos para ser bem-sucedido numa compra.

Manobras complexas continuam a desenrolar-se atrás dos bastidores e cujos pormenores a nós, simples mortais, nos iludem.

COMPANHIAS A ANALISAR

ALGOMA CENTRAL CORPORATION

Algoma Central Corporation é uma companhia de que pouco, ou nada, se fala. Pela sua falta de visibilidade tendemos a ignora-la.

Recentemente, assistindo à assembleia geral da companhia, decidimos investiga-la. As conclusões a que chegámos foram positivas.

Algoma Central é essencialmente uma empresa de transportes marítimos. A companhia tem uma frota de 20 cargueiros que operam nos Grandes Lagos e no rio S. Lourenço.

A subsidiária, Algoma Tankers, está envolvida em transportes oceânicos, com uma frota de cinco petroleiros; quatro propriedade da companhia e um registado com a bandeira dos Estados Unidos.

Outra divisão da companhia oferece reparações em barcos, motores a gasóleo e serviços similares para companhias de navegação e firmas industriais localizadas nos Great Lakes-St. Lawrence Waterway.

Fora da água, Algoma, através de Algoma Central Properties, possui e administra imobiliário em Sault Ste. Marie, St. Catharines e Waterloo.

A companhia teve um lucro recorde em 2006 - 42 milhões de dólares, ou $10.81 por acção. Todas as divisões, excepto a de transporte oceânico, apresentaram lucros. Nesta divisão os resultados foram influenciados pelo facto de que três dos navios terem permanecido em docas secas para reparações.

A companhia encontra-se em boa posição para aumentar as suas actividades. A expansão deverá continuar e os administradores espreitam por oportunidades para acrescentarem mais “assets” ao seu activo.

Algoma constitui um bom investimento. Agora vem a parte mais complicada. Ao que parece a companhia não tenta atrair novos investidores, parece ser um negócio de família, basta assistir a esta reunião dos accionistas, em que todos se conhecem. As acções são negociadas a $138.00 dólares e a liquidez é praticamente não existente. é normal não haver transacções durante dias seguidos e nalguns casos compra e venda das mesmas chegam a ser menos de cem. A 30 de Junho, quando este Boletim foi escrito houve três transacções, uma de um lote (100 acções) e duas, uma de cinco e outra de quatro acções...

Se os administradores de Algoma Central tivessem intenção de dar mais visibilidade à companhia, fariam um split das acções para as tornarem mais negociáveis, mas isso parece não estar nas intenções deles. A serem negociadas a mais de cem dólares, elas não são atractivas para pequenos investidores e a falta de liquidez pode constituir problema para quem as queira vender rapidamente. Assim, enquanto consideramos as acções um bom investimento, elas não são apropriadas para novos investidores ou aqueles com orçamento limitado. Para os estudiosos de companhias públicas canadianas este é um caso interessante para estudar.

Um factor igualmente a considerar é que, numa queda de mercado, elas podem descer precipitadamente, não devido a resultados financeiros, mas em simpatia com o resto do mercado.

Preço recente: 137.97 ($138.00 - $98.00 nos últimos doze meses). P/E rácio de 12. Yield, 1% (dividendo 1.30 em 2006).

Porque não fazemos da companhia um caso estudo?

ÚLTIMA PALAVRA

Quando nos preparávamos para transferir o BOLETIM para a internet o nosso computador “crached”. Uma série de incidentes se seguiram. Após solucionar o problema com o computador, outro problema surgiu de novo.

Finalmente, o caso foi solucionado com um novo computador. Escusado será dizer que todo o nosso trabalho estava no disco fixo (e sem haver copias). Tal como na bolsa estamos sempre a aprender...

Pedimos desculpa pelo atraso.

(23 de Julho de 2007)

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