ANO 12 .............................................. No. 71

JANEIRO - FEVEREIRO 2008 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Ano após ano o BOLETIM continua a fazer a sua aparição através da internet. Parece que foi ontem que saiu o primeiro número e já lá vão onze anos.

O ano que agora começa tráz-nos grandes incertezas, incertezas económicas, políticas e sociais. Elas estão-se a reflectir nas actuações das bolsas mundiais, que agora, devido à globalização, estão mais inter-relacionadas do que nunca.

Neste número apresentamos à consideração dos leitores empresas que consideramos “defensivas”, resistentes a uma queda de mercado, e as primeiras a beneficiar de uma recuperação económica.

COMENTÁRIO

Uma onda de pessimismo assolou os mercados financeiros no fim do ano. Deterioração da economia, redução de lucros das corporações, aumento no custo de petróleo, redução de valores de imobiliário e crédito a tornar-se mais difícil; tudo contribui para essa onda de pessimismo.

O índice da bolsa de Toronto (S&P/TSX composite index) fechou a 13,833 pontos no fim de 2007, um ganho de 7% para o ano (14.5% em 2006). Os índices do óleo e do ouro tiveram actuação superior. O preço do óleo chegou a $99.29 (US) a 21 de Novembro. A 31 de Dezembro fechou a $95.98 (US). índia e China contribuíram para uma procura elevada.

O dólar canadiano teve uma “recuperação” notável, chegando a $1.10 americano, para fechar o ano com um valor igual ao do americano.

Entre juros elevados, para controlar inflação, ou baixos, para estimular a economia, bancos centrais estão a optar por redução do juro de desconto. O Banco do Canada começou a aumenta-lo para, quase imediatamente, o baixar.

Após cinco anos de subida há dúvidas se a Bolsa de Toronto continuará o movimento ascendente, o sexto ano de “bull market”, ou iniciará uma descida, ou mesmo um “bear market”.

A crise financeira desencadeada pelas hipotecas “subprime” continua a causar “prejuízos” e, apesar de toda a visibilidade criada, a incerteza continua, pelo que se torna difícil fazer uma avaliação concreta da situação.

Os que seguem a economia do Canadá desde há muito devem-se recordar dum período da vida do país e de um primeiro-ministro, figura bastante controversa, que conseguiu fazer o que até então parecia impossível nas leis duma economia de mercado: - inflação alta e desemprego elevado. Até então, economistas tinham-nos afirmado que com desemprego elevado, a inflação teria forçosamente que ser baixa (esquecendo-se do poder sindical) e que emprego elevado correspondia a aumento em inflação. Essa teoria foi desaprovada durante o tempo desse primeiro-ministro, quando o país viu uma taxa de desemprego elevada e aumento extraordinário da inflação. Foi um período em que canalizadores chegavam a pedir aumentos anuais de salário de 20% e certificados de investimento a oferecer 15% de juro anual. Dai nasceu o termo STAGFLATION – (uma combinação de baixo crescimento económico e inflação elevada).

Claro que não esperemos que tal se repita agora. As circunstâncias são diferentes, mas aumento na inflação e aumento modesto de desemprego constituem fortes possibilidades.

O futuro não é fácil de prever. Economistas falam agora duma recessão nos Estados Unidos. A economia do Canadá continua saudável, mas a dependência nos Estados Unidos é mau presságio. As incertezas são consequência das hipotecas “subprime”, aumentos de preços em energia e produtos alimentares, a fraqueza do dólar americano, além de factores políticos no Médio Oriente e sul da ásia.

A volatilidade do mercado continuará por algum tempo; o preço do barril de óleo manter-se-á elevado e a resolução dos problemas de crédito acabarão por passar para segundo plano, enquanto a economia trabalhará a velocidade mais reduzida.

Curiosamente, quebras no mercado constituem oportunidades para investidores. “Bargains levels” em bancos, companhias de seguros, produtores de óleo e gás e companhias de caminho de ferro surgirão.

Finalmente, não nos devemos esquecer que a Bolsa tem uma tendência para causar surpresas.

ACÇÕES PARA 2008

Nunca nos pareceu tão difícil encontrar acções para incluir num portefólio de investimento. Com incertezas na economia, ameaça de recessão e prognósticos de descida de mercado, que acções se podem mencionar?

Investidores preocupados com uma queda do mercado têm sempre uma opção - investir em cash; isto é, produtos equivalentes a cash, G.I.Cs. ou Títulos de Tesouro. Há contas de poupança (savings accounts) que oferecem 4% de juro anual. Mas, se se insistir em investir na bolsa, devem-se escolher companhias bem administradas, que tenham, no passado, demonstrado resistência a recessões e com uma história de aumentos em lucros e aumentos de dividendos.

Presentemente a maioria dos analistas são de opinião de reduzir a presença em bancos e aumenta-la em companhias de seguros. No final do ano, enquanto os primeiros estavam em queda as segundas continuavam a subir.

PORTEFÓLIO DO ANO

Abaixo algumas sugestões, entre as quais sobre companhias que, pensamos, oferecem mais resistência a quaisquer problemas do mercado.

Após anos de subida, acções de boas companhias continuam a ser transaccionadas a preço elevado. Embora não abundem há empresas cujas acções são negociadas a preços acessíveis.

CASH

Se o leitor pensa que o mercado está caro e pouco atractivo, um recurso é de manter os seus fundos em cash. E porque não?

Se não encontrarmos investimentos atractivos, aguardemos para futuras oportunidades. Há uma tendência para estar sempre investido, mesmo quando as circunstâncias não são favoráveis.

Com certeza que os leitores têm ouvido a frase cash is king. Não deixamos de dar ênfase a esta frase, muitas vezes dita e redita. Existem situações em que fazer “nada” pode ser o melhor curso de acção.

BANK OF MONTREAL (bmo)

Se o leitor insiste em aduirir investimentos que se afirmem relativamente seguros, bancos continuam a figurar na lista de “compras”.

O grupo está em baixa e esta pode ser a melhor ocasião para comprar acções de instituições bancárias. é certo que o preço das acções pode descer ainda mais, mas é impossível saber quando atingem o “mais baixo”.

Bank of Montreal teve write-down devido à sua associação com Optionable e as suas acções têm sido negociadas a preços tão baixos como há dois anos atrás.

As acções (à volta de $56.00) estão agora a um preço atractivo. O rácio p/e é de 13.5 e a yield é de 5%.

ROYAL BANK (ry)

Igualmente, o Royal Bank tem boas perspectivas. O maior banco do país oferece agora um dividendo elevado. Se o dividendo não aumentar, pelo menos manter-se-á da mesma forma.

Nos últimos quatro anos investidores no Royal Bank viram o seu investimento duplicar.

Quando uma recuperação dos bancos começar os ganhos podem ser substanciais.

Preço recente das acções $49.00. O rácio p/e é de 11.5 e a yield é de 4%.

SUN LIFE FINANCIAL (slf)

Analistas continuam a preferir companhias de seguros a bancos.

Nos fins do ano enquanto preços de acções de bancos desciam, as de companhias de seguros subiam. Isto pode querer dizer que o valor está-se a reflectir nos preços.

Uma opção para investir no sector é seguir a actuação das companhias e aproveitar “baixas” para a compra de acções.

A nossa preferida é Sun Life. Os lucros aumentaram substancialmente nos últimos três anos e em Dezembro a companhia comprou 2.5 milhões de acções para cancelamento.

No fim do ano as acções eram negociadas à volta de $54.00. O rácio P/E é de 14 e a yield de 2.5%.

MANULIFE FINANCIAL CORP. (mfc)

Outra companhia de seguros no “radar” de analistas, com opiniões favoráveis.

Tal como Sun Life, Manulife tem visto os seus lucros aumentar consistentemente nos últimos três anos e parece bem equipada para resistir a qualquer “tempestade” no mercado.

As acções são negociadas à volta de $39.00. O rácio p/e é de 14 e a “yield” é de 2.4%.

VITERRA (vt)

A “merger” de Saskatchewan Wheat Pool e Agricore United foi consumida no ano passado. A nova companhia foi baptizada com o nome de Viterra.

Cada vez com mais bocas a alimentar, agricultura merece melhor atenção do que aquela que lhe é atribuída. Diferente das companhias nomeadas acima, Viterra não é uma companhia blue chip mas tem a possibilidade de se tornar uma empresa “gigante” na agricultura do Canadá.

Apesar do mau estar geral do mercado, o preço das acções de Viterra tem estado em subida desde o princípio de o ano passado. (preço recente, à volta de $13.00). O p/e rácio e de 13 e a companhia não paga dividendo.

Esta é uma companhia para seguir de perto e adquirir acções numa baixa.

EMERA (ema)

Esta é um dos investimentos mais monótonos da bolsa de Toronto, mas, monotonia significa pouco movimento em ambas as direcções, para cima ou para baixo. No entanto, o dividendo de 4% é suficiente para dar tranquilidade a investidores. E quem precisa de excitação nos tempos que decorrem?

Subsidiárias de Emera são Nova Scotia Power e Bangor Hydro-Electric Company. Além disso através de Maritimes & Northeast Pipeline Emera está envolvida no transporte de gás de Nova Escócia para o nordeste dos Estados Unidos e tem uma pequena operação nas Caraíbas (St. Lucia).

Preço recente das acções: $22.00. O rácio p/e é de 10.5 e a yield é de 4%.

ENCANA CORP. (eca)

No sector de energia uma empresa preferida por analistas é EnCana. A companhia tem tido actuação superior.

Operações principais: produção de gás nos Estados Unidos, oilsands (Canadá) e projectos ao largo da costa marítima da Nova Escócia.

A companhia continua a aumentar as suas operações e tem um orçamento de 6.9 biliões de dólares americanos para expansão em 2008.

As acções têm sido transaccionadas à volta de $70.00. O rácio p/e é de 13 e a yield é de 1%.

PETRO CANADA (pca)

Outra companhia do sector de energia é Petro Canada, esta com produção elevada em gás.

A companhia tem operações ao largo do Mar do Norte, ao largo da costa Atlântica do Canadá e em Alberta oilsands (operações em Mackay River e Fort Hills).

Petro Canada tem tido um programa de buy back acções, o que beneficia os accionistas.

Se no passado as acções de Petro Canada não têm tido actuações comparáveis com as das rivais (Suncor, Imperial Oil) elas devem ser consideradas para um portefólio diversificado.

Preço recente das acções $61.50. O rácio p/e é de 10 e a yield é inferior a 1%.

TIM HORTONS INC.(thi)

Rendemo-nos à evidência. Quando vemos longas files de clientes esperando pacientemente para comprar um café no Tim Hortons, apercebemo-nos imediatamente dum cash flow intenso.

Uma cadeia de restaurantes de serviço rápido especializado em sanduiches, cafés e refeições ligeiras, Tim Hortons é a maior companhia do género do Canadá, com 2758 restaurantes, e a quarta dos Estados Unidos, com 352 locais.

Preço recente das acções - $36.00. O rácio p/e é elevado, 26, e dá um pequeno dividendo.

TRANSCANADA CORPORATION. (TRP)

TransCanada Corporation é uma empresa com mais de 50 anos de actividade que está envolvida em condutas e energia.

As condutas (mais de 59.000 mm) estendem-se pelo Canadá, Estados Unidos e México.

A outra actividade é a produção e energia, armazenagem de gás e liquidificação de gás natural.

As acções eram recentemente negociadas à volta de $40.00. O rácio p/e é de 18 e o dividendo de 3%.

(11 de Janeiro de 2007)

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