ANO 12 .............................................. No. 72

MARÇO - ABRIL 2008 ............ Director: Àlvaro Trigo


ABERTURA

Devido a ausência prolongada do Canad´, os dois próximos números do BOLETIM referir-se-ão não à actuação da Bolsa de Toronto mas sim a temas de interesse geral para investidores.

Os assuntos a focar, quer de teoria ou pr´tica, serão de conhecimento geral e actualidade permanente. Após finalizarmos este BOLETIM começaremos a elaborar os dois próximos números. Assim, embora ausentes do país, manteremos a mesma cadência de publicação.

COMENTÁRIO

Vivem-se tempos de incerteza em relação à economia e à bolsa. Investidores, senão confusos, podem estar agora receosos da situação das suas finanças, e com boa razão.

Desde o princípio do ano o S&P/TSX Composite Index desceu cerca de sete por cento (12% se considerarmos o ponto mais elevado em 2007). O índice da bolsa de Nova Iorque teve ainda queda mais dram´tica. Teríamos chegado ao “fundo” do mercado? Possivelmente, não. J´ não existem dúvidas de que os Estados Unidos estão em recessão económica e isso afecta a actuação das restantes bolsas.

No passado dia 21 de Janeiro o índice principal da Bolsa de Toronto teve uma queda de mais de 600 pontos, a maior descida di´ria desde 25 de Outubro de 2000, com todos os sectores a terem actuação negativa.

Serviços financeiros têm sido especialmente afectados, não só devida a perca de confiança de consumidores, como devido à crise do crédito nos Estados Unidos e aos investimentos feitos pelos bancos de que resultaram prejuízos.

Consumidores têm constituído a mola real do crescimento económico e o Banco do Canad´ pretende que assim continue a ser. Por isso decidiu descer a taxa de desconto em 50 pontos (meio por cento). Resta saber se a população continuar´ a dispender frugalmente como no passado. Crédito f´cil tem os seus perigos. Não foram juros baixos e facilidades de crédito que possibilitaram a crise financeira nos Estados Unidos?

Bancos, agora em novas “baixas”, são especialmente atractivos. Com dividendos na ordem dos 4%, eles oferecem rendimento superior a certificados de investimento (GICs) e outras contas banc´rias. Mas investidores continuam a fugir do sector.

Para aqueles investindo a longo termo a queda das acções dos bancos constitue boa oportunidade de começar ou aumentar os seus portefólios. Para os que investem a “short-term” a situação é diferente. Para estes “segurança” representa a parte mais importante dum investimento.

Incompreensivelmente quando os preços estão em baixa, investidores vendem, quando estão em subida, compram. Não deveria ser o oposto?

É em momentos de grande pessimismo que as grandes oportunidades de compra aparecem.

NOTÍCIAS

BCE

Um grupo privado de investidores, liderado pelo Ontario Teachers’ Pension Plan, fez uma oferta para adquirir BCE Inc. ao preço por acção de $42.75. Accionistas da companhia aceitaram a oferta.

Como se explica então que as acções estejam a ser negociadas a preços muito mais baixos do que essa oferta?

Com acções a serem transaccionadas à volta de $34.00/$35.00 dólares, estarão accionistas a desperdiçar um lucro r´pido? Aos preços actuais quando a transacção se consumir, dentro de poucos meses, eles terão um lucro à volta de $7.00. Entretanto, e até l´, continuarão a receber o dividendo trimestral.

Por que é que as acções estão a ser negociadas a preços tão baixos?

Existem três razões pelas quais o preço de acções de BCE não refletem essa oferta:

Primeiro, o receio de que devido à quebra do mercado o grupo de investidores desista do negócio. Neste caso teria que pagar 1 bilião (mil milhões) de dólares a BCE.

Segundo, obrigacionistas (bondholders) foram a tribunal contestando o facto de não terem sido consultados acerca da transacção. O tribunal acaba de dar o seu parecer, favor´vel a BCE Inc. No entanto existe a possibilidade de que o grupo que perdeu a acção apele à instância superior e o caso continue por resolver.

Terceiro, e não menos importante, que os financiadores da compra, um grupo de bancos encabeçados por Citigroup renuncie à promessa de financiamento da transacção. O banco americano foi uma das grandes vítimas da crise do crédito. Com prejuízo de biliões, viu o valor das suas acções reduzido a metade, cortou o dividendo e despediu o CEO.

Por outro lado, um factor igualmente a considerar, é que um abandonamento de negócio constituiria uma mancha negra, por assim dizer, tanto na reputação do fundo de pensões como na das instituições banc´rias. Renunciar o contracto constituiria um mau exemplo para negócios futuros.

CHC HELICOPTER CORP.

CHC Helicopter Corp. é outra companhia pública canadiana que que vai ser adquirida por interêsses particulares.

First Reserve Corp., uma empresa privada americana, vai adquirir a companhia, numa transacção avaliada em $3.7 biliões de dólares.

First Reserve ofereceu $32.68 por acção, o que representa 49% acima do preço a que as acções eram transaccionadas quando a oferta foi publicitada.

OIL SANDS

Todos sabem que as maiores reservas de óleo fora da Ar´bia Saudita se encontram em Alberta, numa ´rea comummente conhecida por Oil Sands.

No passado, óleo misturado com areia seria dispendioso para extrair do sólo, devido a ter que se separar o óleo da areia.

Avanços na tecnologia de extração e aumento de preço do óleo tornaram agora a exploração vi´vel.

Mas nem tudo são rosas nesta ´rea. Enquanto o preço do óleo no mercado internacional sobe, assim sobem os custos de produção nesta região de Alberta.

Para fazer subir o óleo para a superfício é necess´rio g´s (produzindo vapor/pressão). Para a produção de 3 barris de óleo é necessario um barril de energia (g´s).

Na superfície são necess´rios dez barris de ´gua para cada barril de óleo.

Custos de produção têem aumentado rapidamente, especialmente o custo da mão de obra.

Outro negativo apontado por protectores do meio ambiente é o carbon dioxide produzido por todo este processo de extracção.

Com os custos de operação e danos causados ao meio ambiente, nem todos estão entusiasmados com as areias oleosas de Alberta.

REITs

Todos os sectores da economia e investimento têem sido influenciados pela crise do subprime.

Um dos afectados pela crise financeira é o de Real Estate Investment Trusts. Mas, segundo a opinião de muitos analistas, o valor real do sector é superior aquele a que as acções estão a ser negociadas.

Investidores, preocupados com a situação do imobili´rio nos Estados Unidos, temem uma queda de valor nas propriedades comerciais no Canad´. Este receio não parece ser justificado. Não só a crise das hipotecas nos Estados Unidos não tem equivalente no Canad´, como o sector comercial é diferente do sector residencial.

Alguns analistas esperam que o mercado reconheça o valor destes trusts e, eventualmente, eles sejam negociados a valores superiores aos actuais. Com a possibilidade de uma apreciação de 10% ou 15% e distribuições em média de 8%, estes são investimentos a considerar.

Factores que são favor´veis ao sector no Canad´ são: operating income (receitas de operações) das propriedades que continua a aumentar ano após ano; a maioria das empresas têm débito aceit´vel e o aumento em procura de propriedades comerciais. Não nos devemos esquecer que distribuições compensam sempre qualquer descida de preço das unidades.

(11 de Março de 2008)

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