ANO 13 .............................................. No. 73

MAIO - JUNHO 2008 ............ Director: Àlvaro Trigo


ABERTURA

Que óptima ocasião para irmos de férias e deixar todos os problemas da bolsa atrás das costas...

Após termos completado o número anterior do BOLETIM, começamos imediatamente a elaborar este número e o seguinte. Ambos foram concluídos na Páscoa, mas só aparecerão à luz do dia no primeiro de Maio e primeiro de Julho. A ausência do país não significa ausência da internet. Uma simples transferência das files para o Website fará o milagre.

Regressando ao Canadá em meados de Julho, os números seguintes focarão, de novo acontecimentos de actualidade.

COMENTÁRIO

Primeiro, foi a crise do “subprime”; agora tivemos o “mini-crash” provocado pela situação do banco americano Bear Steams, na eminência de falência. JP Morgan, com a aquiescência e suporte do governo e instituições reguladoras dos Estados Unidos, correu a evitar a bancarrota daquela instituição financeira.

Uma curiosidade. No programa de televisão americano Nightly Business Report, da estação americana PBS, Paul Kangas entrevistou um conhecido administrador financeiro. A entrevista terminou com a habitual pergunta: “recomendações para compra.” Seguidamente, Paul Kangas fez uma revisão de recomendações feitas por esse administrador no ano anterior. Uma das companhias mencionadas fora o banco Bear Stearn, cujas acções eram negociadas, na ocasião, a mais de $130.00 dólares... Agora, JP Morgan ofereceu para as comprar primeiro por $2.00 dólares por acção, depois por $10.00. É um conforto saber que até os grandes nomes da finança podem estar errados.

O ambiente geral da economia nos Estados Unidos é de pessimismo. Muitos americanos, que compraram casas a crédito estão a renegar hipotecas, ou, porque o valor da habitação é agora menor do que as hipotecas, ou porque perderam empregos, e, consumidores, em geral, a restringir-se nas suas compras. A palavra “recessão” é, presentemente, pronunciada com mais frequência.

A falta de liquidez dos mercados de crédito ocasionou a intervenção da Reserva Federal dos Estados Unidos (FED), que reduziu as taxas de juro para 2,25%.

Bancos centrais encontram-se num dilema. Baixar juros para estimular a economia, ou aumenta-los para conter a inflação. Na América do Norte optou-se por atacar a recessão... isso pode beneficiar o consumidor, mas não ajuda aqueles dependentes de pensões e rendimentos fixos.

Enquanto a preocupação parece ser a recessão, pouca atenção se está a prestar à inflação. Com inflação, os dólares que temos na carteira compram cada vez menos. O aumento de preços de comida e da gasolina influenciarão, inevitavelmente, um aumento do custo de vida.

Não parece que 2008 vá ser um ano bom para bancos, mas com dividendos superiores a juros de outros tipos de investimento (e impostos favoráveis) eles constituem bons investimentos para aqueles pacientes. Banco de Montreal, ao preço actual, tem agora dividendo de 6%.

É neste tempo de “baixas” que se podem fazer as melhores compras.

Alguns pessimistas sugerem que, apesar da descida da bolsa, acções estão ainda caras e a ser negociadas a “prémio”. Eles antecipam que, com o abrandamento da economia, haverá uma redução de receitas. A descida de rácios p/e (the ratio of share prices to per-share earnings) não significa necessariamente bom investimento, eles reflectem apenas uma antecipação na redução de lucros.

INVESTIR ON LINE

Se o leitor decidiu finalmente a investir na bolsa há diferentes maneiras de o fazer, indirectamente, através de Fundos de Investimento ou directamente, através da compra de títulos (acções, warrants, debentures).

Para investir directamente na bolsa as opções são: usar um “full service broker” ou “discount broker”. Nestes últimos anos temos assistido ao crescimento dos corretores ditos “de desconto”; aqueles que apenas recebem instruções de compra ou venda sem fazerem recomendações. As decisões são feitas unicamente pelo cliente. Isto reduz o custo de comissões.

Mesmo usando “discount brokers” comissões podem ser reduzidas ainda mais quando não há contacto pessoal com o corrector. Neste caso transacções fazem-se quer através de telefone automático ou internet.

O primeiro passo a dar é conhecer e compreender toda a terminologia usada na área de investimento. Para o leigo certos termos podem amedrontar. Blue Chip Stock, Stock Yield, Day Order, Limit Order, Margin Account, Option, Price/Earnings Ratios, Rights, Warrants, Short Sales... Estes são alguns dos termos usados na indústria. Se alguns são óbvios, outros são menos lógicos.

Onde encontrar fontes de informação para nos tornarmos investidores conscientes? Abaixo uma lista de fontes de informação:

JORNAIS DA ESPECIALIDADE – Tanto o Globe & Mail como o National Post têm secções financeiras com informação bastante útil. Notícias sobre companhias, recomendações, entrevistas com personalidades ligadas ao investimento, etc. Outros jornais têm, também, suplementos ou secções dedicadas a investimentos, mas de menor importância.

Para os que procuram notícias sobre minas, Northern Miner é uma boa fonte de informação. Nos Estados Unidos, Wall Street Journal e Barron’s são os mais importantes.

Ler jornais deve ser uma prioridade. Notícias são actualizadas e as fontes de informação genuínas.

Se noutros tempos existia apenas informação escrita, hoje em dia jornais têm sítios na internet onde se encontra a mesma informação.

LIVROS – Antes de ir a uma livraria (Book Store) porque não investigar em Bibliotecas (Public Libraries) sobre livros da especialidade. Todos os anos aparecem novos livros e reedições de títulos antigos. A escolha é abundante e nas Bibliotecas Públicas podem-se consultar e requisita-los. Se eles interessarem podemos comprá-los mais tarde.

FINANCIAL NEWSLETTERS – Newsletters oferecem informação variada e recomendações sobre accções, obrigações etc. No Canadá, MPL Communications, de Toronto, oferece várias newsletters. Pessoalmente preferimos Investor’s Digest of Canada. Outras da mesma organização: The Money Letter, Investment Reporter. Money Reporter. Nos Estados Unidos as escolhas são inúmeras. Algumas destas newsletters podem ser consultadas nas Bibliotecas, mas apenas nas principais.

REVISTAS - Existem igualmente magazines da especialidade. Para uma análise, podem ser igualmente consultadas nas Bibliotecas Municipais.

TELEVISÃO – Muitos investidores seguem programas de investimento através da televisão.

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – Instituições financeiras (bancos, companhias de seguros,etc.) oferecem informação variada. Firmas de Investimento (full service brokers) publicam newsletters para clientes. Temos ainda workshops, trade shows e seminários.

COMPANHIAS PúBLICAS – Companhias públicas apresentam Annual Reports, que mostram as actividades da companhia e resultados dos anos fiscais. Podem-se adquirir os “reports” através do Departamento de Relações Públicas da companhia. Pode-se pedir igualmente para ser incluído numa lista para receber informação futura, quer através do correio, quer através da internet.

INTERNET – A internet chega a qualquer dos sítios mencionados acima. A maior parte da informação mencionada acima pode ser lida através da internet. Páginas de bancos, subsidiárias de investimento dos mesmos, companhias públicas, até mesmo jornais podem agora ser lidos através da internet. A informação não tem fim.

CURSOS EM INVESTIMENTO =- Finalmente, se o leitor pretende aumentar o seu conhecimento para se sentir à vontade na área de investimentos, além de seminários e classes oferecidas pelos Boards of Education de Municípios, pode ainda inscrever-se em cursos oferecidos pelo Canadian Securities Institute, Canadian Institute of Financial Planers e Investment Funds Institute of Canada. Estes cursos são necessários para quem se quer iniciar na profissão, mas podem ser tirados por qualquer pessoa.

Quer usando um corretor “full service” ou “discount” o leitor deve estudar e aprender algo do sistema, se isso é bastante útil quando se usam os serviços de “advisers”, torna-se absolutamente imprescindível quando se investe sem conselheiros financeiros.

(25 de Março de 2008)

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