ANO 14 .............................................. No. 79

MAIO - JUNHO de 2009 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Quando este número do BOLETIM aparecer à luz do dia estaremos ausentes do Canadá. Este e o seguinte serão feitos com antecedência, mas permanecerão adormecidos para aparecerem nas datas apropriadas.

Devido a isso, os assuntos focados – especialmente os do próximo número - serão mais de interesse geral do que de actualidade.

COMENTÁRIO

Numa economia global, o que acontece nos outros países afecta o Canadá.

Após dez anos o excedentes no comércio externo, o país teve o primeiro défice. Igualmente, produção para o mercado doméstico abrandou. Tanto empresas como consumidores individuais reduziram despesas.

Nos últimos dez anos o débito federal foi reduzido em metade e uma política monetária manteve preços estáveis. Agora, com o país em recessão, instabilidade e incerteza reinam na economia e nos mercados financeiros.

Como é do conhecimento geral, Canadá depende economicamente dos Estados Unidos. Enquanto a situação económica do país vizinho continuar precária, as esperanças de recuperação do Canadá são inexistentes. Por isso antes de analisar e fazer previsões para a nossa recuperação deveremos olhar para o país do sul.

Dinheiro posto em circulação, no país vizinho, está a aumentar quase 20% anualmente, agravando o défice americano. No Canadá a situação é semelhante, se bem que em menor escala. Se tal pode constituir uma compensação, o sistema bancário do Canadá está bem capitalizado e evitou os enormes prejuízoz experimentadas pelos bancos de outros países. Algumas percas e uma diminuição de actividade económica afectará a sua actuação.

DÉFICES - DÉBITO

Com a economia em descalabro, instituições financeiras e companhias de automóveis em situação de bancarrota, o governo dos Estados Unidos da América irá despejar triliões de dólares no mercado.

Para pagar os bailouts e estimular a economia a Administração irá imprimir dinheiro em quantidade jamais vista.

Atacar a doença económica desta maneira tem os seus riscos. Pôr mais dinheiro em circulação pode aliviar a situação e parece ser a melhor opção numa situação em que não há decisão ideal, mas as consequências futuras são preocupantes.

Uma pergunta a fazer é: como é que o governo pagará por todos esses bailouts e injecções de equity? Ele tem duas escolhas: pode emitir débito ou, simplesmente, através do banco central, imprimir e pôr mais dinheiro em circulação. Em qualquer dos casos, inflação fica à espreita.

Na emissão de débito, China é hoje o maior credor de “papel” emitido pelos Estados Unidos. Tal como outros governos que compram o débito americano ela pode, a qualquer momento, parar de o comprar.

Eventualmente os ganhos do dólar americano nestes últimos meses podem desaparecer. E, certamente, o governo americano gostaria de pagar a dívida externa com um dólar de menor valor.

Imprimir dinheiro para pagar reparações de guerra foi a escolha feita pelos governos centrais europeus após a primeira guerra mundial. O escritor austríaco Stephen Zweig, num dos seus livros, revelou que vendeu os direitos de autor duma das suas obras de manhã e ao fim do dia o dinheiro da venda já pouco ou nada comprava. E, recentemente, assistimos a um caso de inflação extrema na Zambézia.

Uma certeza parece emergir deste curso de acontecimentos: o excesso de dinheiro posto em circulação irá, mais tarde ou mais cedo, provocar inflação e a dívida dos Estados Unidos será paga por gerações futuras.

NOTÍCIAS

- A bolsa de Nova-Iorque (New York Stock Exchange) já não suspende acções que sejam negociadas a menos de $1.05. A ideia é de conservar listadas companhias cujas acções são negociadas abaixo desse valor. Muitas companhias com stocks em baixa acabam por fugir para a NASDAQ.

- O CEO de MANULIFE FINANCIAL, Dominic d’Alessandro vai-se reformar da companhia. Para os 5 meses do último período fiscal irá receber $15 milhões de dólares. Entretanto o preço das acções desceu mais de 60% neste último ano e meio. Ah... quase que nos íamos esquecendo de uma coisa – a companhia oferece-lhe uma pensão anual de $3 milhões de dólares.

- NORTEL NETWORKS CORP., em bancarrota e protecção legal, para reter oito dos seus executivos, está preparada para lhes dar bónus até $7.3 milhões de dólares americanos. Esta decisão foi aprovada pelo tribunal perante objecção de empregados despedidos.

- NORTEL NETWORKD CORP. – O anterior CEO da companhia, antes de deixar o lugar, recebeu, num simples ano, a soma de $135 milhões de dólares. Claro que isto foi no período de loucura de preços da tecnologia. A seguir, o valor das acções começou uma queda acelerada.

- AIR CANADA está de novo em problemas. Tendo já estado em bancarrota, encontra-se na perspectiva de apelar, de novo, aos tribunais para nova protecção contra credores. Entre outros problemas ela não beneficia da baixa de preço da gasolina para aviação. Quando o óleo estava em alta fez contractos hedge a preço elevado. Em vez do preço do óleo aumentar, ou se manter estável, ele começou a descer. Air Canada não pode beneficiar dessa queda, o que não acontece com a competição.

(10 de Abril de 2009)

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