ANO 14 .............................................. No. 80

JULHO - AGOSTO de 2009 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Neste número do BOLETIM trataremos de ouro e óleo. Enquanto metais preciosos estão a ter um renascimento de interesse no público, a queda do preço do óleo provoca satisfação a uns – consumidores – e desagrado a outros - investidores.

OURO

Existe grande preocupação acerca da estabilidade financeira de muitos países. Grande incerteza paira sobre a economia mundial e o sistema bancário. Isto, aliado às implicações de débitos governamentais e uma possível futura inflação, contribui para o renascimento de interesse pelo ouro.

Mesmo aqueles que nunca foram simpatizantes com o investimento no metal estão agora a converter-se e até a tornarem-se partidários do “clube” de metais preciosos. Ouro físico não paga dividendos, diziam no passado; hoje, talvez ouro constitua protecção para tempos incertos.

Por isso há um renascimento em Fundos investidos em ouro. Um fundo que antigo que investe em metais preciosos é o Central Fund of Canada.

“Gold–backed exchange-traded funds” ETFs tem atraído grande interesse dos investidores nos últimos tempos.

Investimento em ouro autêntico pode ser feito de duas maneiras, quer em títulos quer em posse física do metal.

Podem-se comprar certificados. Neste caso o custo é o valor do ouro na ocasião (menos custos de administração). Uma vantagem deste método é que investidores não têm que se preocupar em adquirir, guardar e ter o metal no seguro. O certificado é a prova de posse.

Outros investidores vão ainda mais longe e preferem eles próprios a guardar o metal, quer seja em barras ou moedas.

Há quem compre bijutaria feita em ouro. Na Ásia ouro é muito usado para ornamentação, como na Índia, ou devido a desconfiança no dinheiro-papel, como no Extremo-Oriente.

Presentemente há países que começam a acumular ouro.

O dólar americano tem sido, até agora, a moeda de reserva para a maioria dos países. Mas, se os Estados Unidos fossem uma companhia o país já estaria há muito em bancarrota. Débito excessivo e défices monstruosos do país fazem lembrar que a moeda americana não é segura. A sua subida recente em relação a outras adverte-nos que as outras não estão igualmente de boa saúde.

Uma companhia bullish em metais preciosos é Sprott Resource Corp. Em várias apresentações para investidores, e possíveis clientes, vários analistas argumentam a grande possibilidade de uma inflação acelerada e dum colapso da moeda. A salvação? Ouro e prata em barras. A companhia continua a acumular estes metais preciosos, com o balanço dos seus investimentos em Títulos do Tesouro do Canadá a curto prazo.

Quando preparávamos este número do BOLETIM lemos da possibilidade de venda de ouro pelo IMF (International Monetary Fund) para financiar nações pobres. Para tal seria necessário a aprovação do Congresso dos Estados Unidos.

Se tal acontecer isto contra-balançará a pressão para uma subida no preço do ouro. Mas tais decisões podem contribuir para uma descida a curto prazo, mas não a longo prazo.

A prudência sugere que, para aqueles que querem ter uma pasta de investimentos equilibrada, ouro deve fazer parte da mesma em porção moderada.

ÓLEO

Enquanto nos encontramos de férias podemos gozar, como consumidores, o preço baixo da gasolina e gasóleo e refletir nos altos e baixos experimentados pela indústria.

Há um ano atrás, precisamente em Julho, o preço do barril de óleo chegou a $147 dólares. Agora, um ano mais tarde, está a menos de metade desse preço. A grande influência na queda foi a recessão que começou em Outubro.

Há um ano atrás comentava-se a crise do petróleo e a influência de especuladores no seu preço. Depois havia a índia e a China, a expandirem-se economicamente, e dizia-se que a produção não chegava para a procura. Analistas de Goldman Sachs e o economista chefe de CIBC World Markets, agora deixando a instituição, previam que o barril de óleo chegaria aos $200 dólares americanos. Um ano mais tarde é negociado a um quarto desse preço.

A preocupação era real. Haveria suficiente óleo para movimentar a economia? Conservação e veículos a usar menos combustível; todos procuravam soluções. A procura de óleo acelarou-se, na terra e no mar. Desde Cabinda até ao mar da China a procura de novas fontes de energia acelerava-se.

Depois veio a recessão. Desemprego aumentou, transportes foram reduzidos, movimento de mercadorias através do mundo abrandou e, com um decrescimo no uso de combustivel, a oferta começou a exceder a procura.

Companhias de perfuração, exploração e produção de óleo, que investiam milhões na procura de novas fontes de energia, viram as suas decisões frustadas.

Para consumidores, a baixa dos combustíveis foram boas notícias; para produtores, distribudores e investidores em óleo, foram más notícias.

Segundo os estudiosos da matéria, preços baixos ocasionaram uma redução de produção e suspenção na procura de novas fontes de energia.

Para abastecer as necessidades futuras do mercado torna-se necessário investir biliões na indústria, mas aos preços currentes empresas não estão interessada nisso.

Quanto mais tempo as companhias produtores suspenderem produção, ou adiarem o começo de novos projectos, mais tarde novas fontes de energia aparecerão. Quando a procura aumentar, produtores não estarão em condição de manter o fornecimento adequado e uma nova subida rápida de preços poderá recomeçar.

A procura abrandou mas isto pode ser apenas temporário. De facto, aos preços actuais, investir em petróleo pode ser uma boa decisão.

(15 de Abril de 2009)

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