ANO 15 .............................................. No. 87

SETEMBRO - OUTUBRO 2010 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Desemprego, défices, desastres naturais e outras calamidades preenchem as colunas dos jornais. A bolsa de Toronto continua hesitante. Com a instabilidade e “falta de direção do mercado” investidores esperam sinais de recuperação antes de tomarem decisões com respeito aos seus investimentos.

Duas companhias têm estado nas notícias – Magna International e Potash Corporation of Saskatchewan - embora por motivos diferentes. Sobre elas temos um pequeno comentário.

COMPANHIAS ”ON THE NEWS”

MAGNA INTERNATIONAL

Magna International é uma companhia de peças de automóvel controlada por Frank Stronach, através dum Trust organizado em seu nome. Isto se bem que ele tivesse investido uma pequena parte do capital na empresa. Tal é possível devido a um sistema que permite duas classes de ações com diferente poder de voto. As que ele controla são da classe B, que têm multiple-vote previleges.

Mr. Stronach está de accordo em eliminar as 726,000 ações de classe B (multiple-vote)e emitir novas acções de classe A. Desta maneira todas as ações terão o mesmo valor no que diz respeito a votação - one-share-one-vote.

Mas, o preço pedido para corrigir esta anomalia é elevado. Segundo a sua proposta: o Trust registado em seu nome receberá $300 milhões (US) em cash e 9 milhões de ações da classe A, a emitir, e avaliadas em $563 milhões US. O Trust, atuando como consultor, receberá, também, pagamentos no total de $120 milhões de dólares, durante os próximos quatro anos.

Segundo cálculos de analistas, a “package” que Mr. Stronack pede para alterar a estrutura da empresa para one share one vote, excede um bilião de dólares e representa um prémio de 1,800% sobre o valor atual das ações da classe A e ele ficará a ser o maior acionista.

O plano apresentado numa reunião especial da Assembleia Geral da companhia foi aprovado pela maioria dos acionistas da classe A. Instituições com investimentos em Magna, considerando o pagamento a Frank Stronack excessivo, recorreram aos tribunais para cancelamento da decisão. Estes, no entanto, decidiram a favor do plano de conversão.

(MAIS SOBRE O DUAL SISTEMA NO PRÓXIMO NÚMERO)

POTASH CORPORATION OF SASKATCHEWAN

A província canadiana de Saskatchewan possui potassa em grande quantidade. Na verdade, em maior quantidade do que em qualquer outra parte do mundo. A importância deste minério é enorme, pois que serve para enriquecer e estimular a produção agrícola, quando, presentemente, há grande apreensão acerca da capacidade de alimentar uma população em crescimento.

POTASH CORPORATION OF SASKATCHEWAN, uma companhia com a sede em Saskatchewan, é a maior companhia canadiana produtora deste minério. Tem cinco minas na província e uma em New Bruswick.

Potash Corp. produz, ainda, nitrogénio e fosfatos, mas a potassa constitui mais de 2/3 da sua produção.

Uma empresa australiana, BHP, apresentou uma oferta para comprar a companhia. Resta dizer que BHP é a maior companhia mineira mundial, estando envolvida na produção de uma vasta gama de minerais. A oferta é de $38.6 biliões de dólares americanos, ou $130.00 dólares por acção.

A resposta dos administradores de Potash não se fez esperar. Reagindo à oferta, afirmam que ela é inapropriada e oportunística.

Como é normal nestas situações, previsões abundam do que irá acontecer a seguir. Entre analistas, uma ideia é unânime. A empresa australiana terá que aumentar a oferta, para travar outras de entrarem na “corrida" para a compra de Potash Corp.

Se BHP quisesse construir uma mina de igual capacidade e valor demoraria 6 ou 7 anos para a criar. À compra de terreno adiciona-se custo de infoestrutura, estradas, electricidade, água, etc. Mas o importante é que o produto está na terra e essa não pode ser transferida para outra localização.

DIVERSIFICAÇÃO

Uma palavra que se ouve com frequência nos meios de investimento é “diversificação”. Há necessidade de diversificar, como proteção duma pasta de investimentos. Mas, diversificação deve ser mais de que comprar ações de várias companhias. Concentração num único setor da economia não produz uma diversificacão verdadeira.

A prudência exige diversificar em diferentes setores da economia. A maioria das ações encontram-se nos cinco deles: financeiro, “utilities”, industrial, produtos de consumo e matérias-primas.

No setor financeiro temos essencialmente: bancos, companhias de seguros e companhias de investimento (mutual funds e administração de contas de clientes).

Consideram-se utilities: comunicações (telefones), cabo, condutas (pipelines) e eletricidade.

Produção Industrial (manufacturing): construção, aço, mobiliário, auto, etc.

Produtos de consumo: produtos alimentares, bebidas. Estes podem-se dividir entre essenciais e não essenciais. Enquanto alimentação é essencial, jornais e magazines não o são.

Matérias-primas. Est área da economia envolve o setor mineiro. Mesmo dentro de minas há aquelas dedicadas apenas à descoberta de minerais e outras à produção de metais. Igualmente exploração de óleo e gás estão dentro deste sector.

Existem, igualmente, variações desta classificação. Empresas envolvidas em mais do que um setor e outras que investem noutras companhias.

Diversificação é importante para proteção das variações do mercado. No entanto, querendo investir em poucas companhias, as nossas preferências vão bancos e companhias de condutas (pipelines), ambos têm atuado bem e a longo prazo compensado aqueles que investem nas suas ações.

(7 de Setembro de 2010)

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