ANO 16 .............................................. No. 90

MARÇO - ABRIL 2011 ............ Director: Álvaro Trigo


ABERTURA

Como prometemos no número anterior tratamos hoje de investir fora do Canadá. Nunca nos cansamos de insistir que investir fora do país requer mais estudo e conhecimento e não é aconselhável para iniciados ou inexperientes nestas atividades.

COMENTÁRIO

O ano de 2011 começa com acontecimentos politíco-sociais no mundo árabe, cujas consequências são imprevisíveis para África do Norte e Médio Oriente e que poderão alterar a economia e política da região e influenciar o resto do mundo.

Enquanto caos e desordem reinam na região, O resto do mundo assiste preocupado ao desenrolar dos acontecimentos. Para o consumidor, o aumento dos produtos petrolíferos e dos alimentícios é a maior preocupação.

Enquanto a situação não estabilizar, o preço de combustível que pagamos nas bombas de gasolina continua a aumentar.

Canadá, com uma produção superior a 3 milhões de barris de óleo por dia é o sexto maior produtor mundial do produto. Uma crise petrolífera, como aquela a que assistimos nos anos 70, trará benefícios para as províncias produtoras de óleo, mas a resultante crise mundial será prejudicial para toda a nação. Uma recessão mundial prejudicará exportações e o aumento de petróleo elevará o custo de transporte de mercadorias.

COMEÇAR A INVESTIR

Se o leitor pensar em investir na bolsa encontrará abaixo algumas sugestões e conselhos.

Para principiantes, a forma mais acessível de participar na bolsa é através de Mutual Funds. Tal obriga-os a prestar atenção a investimentos sem a preocupação de tomar decisões. Muitos participantes do mercado de capitais iniciaram os seus investimentos dessa maneira, especialmente em planos de reforma (RRSP).

Investir na bolsa é arriscado, mas riscos aumentam ou diminuem dependendo do tipo de investimentos feitos.

Muitos investidores dependem da bolsa para rendimento, quer em ganhos de capital, quer em dividendos. Uma boa pasta de investimentos pode ser considerada como uma pensão.

Para iniciados deve-se começar a investir gradualmente e evitar impaciência. Pode passar bastante tempo até que o investidor tenha a perceção do mercado, isto é, o interpreta e ser consciente dos riscos e compensações que ele proporciona.

Recentemente, alguns discount brokers começaram a oferecer contas hipotéticas. Por exemplo, Royal Bank, permite a clientes e não-clientes de, gratuitamente, estabelecer contas imaginárias e comprar e vender ações, como se estivessem a investir dinheiro verdadeiro. Isto é uma maneira cómoda de praticar a compra e venda de ações sem nada arriscar.

Como adquirir conhecimento necessário para se abalançar a investir na bolsa?

A fonte de informação mais atualizada é a leitura de suplementos financeiros de jornais diários. Globe and Mail e National Post oferecem boa informação financeira nos suplementos dedicados a investidores, Report on Business e Financial Post.

Enquanto os suplementos mencionados acima fornecem informação corrente sobre companhias e assuntos financeiros, a leitura de Newsletters da especialidade, tais como Investor’s Digest e The Investment Reporter oferecem recomendações. Estas são duas entre as inúmeras do género.

Nas livrarias públicas encontram-se livros da especialidade e nas principais, funcionários ajudarão na procura de fontes de informação.

Diferentes investidores, diferentes formas de investir, mas pressupomos que o leitor o quer fazer de maneira conservativa. Sendo assim, onde começar?

Devem-se escolher companhias bem estabelecidas e leaders na sua ária de atividade, os ditos blue chips. Estas são empresas importantes, bem conhecidas e que já atingiram a sua maturidade. Devido à visibilidade elas são seguidas por analistas e informação sobre elas abunda. Visibilidade, se não evita, totalmente, surpresas desagradáveis, pelo menos, reduz consideravelmente o risco.

Devem-se selecionar companhias que ofereçam dividendos e os aumentem periodicamente. Mesmo quando o valor das ações não sobe, dividendos significam que estamos a “recuperar“ parte do capital investido.

Leitura dos annual reports. Neste caso deve-se prestar atenção aos Statements financeiros, comparando-os com os dos anos anteriores. Foot notes não devem ser descuradas. Elas oferecem informação que podem não se encontrar algures.

Importante é a análise do ativo e dos lucros. São os lucros por ação resultantes da atividade normal da companhia ou resultados duma transação que não faz parte dela? Exemplo: dentro dos lucros há a venda dum edifício, quando a companhia é uma companhia de telecomunicações. Claro que a venda do edifício não é parte da sua atividade.

Tal como os dividendos, os lucros aumentam de ano para ano? Estão as vendas, igualmente, a aumentar?

Ao expandir uma pasta de investimentos, há a considerar os diferentes setores da economia: Financials, utilities, consumer goods and services, manufacturing e resources.

No nosso sistema conservativo não pensamos num buy and sell frequente; pelo contrário, pensamos em buy and hold - investimentos que mantemos ano após ano.

Muito mais se poderia dizer sobre o assunto, mas estas são ideias básicas.

Resta-nos dizer que investir na bolsa consiste de uma aprendizagem contínua em que jamais sabemos tudo quanto há para saber.

INVESTIR NO ESTRANGEIRO

Após investir nas bolsa Canadiana, investir nas bolsas dos Estados Unidos é o mais fácil, não só pela similaridade dos regulamentos como na convergência de informação, similar à canadiana.

Ações de companhias americanas transacionadas nos Estados Unidos são negociadas no Canadá com a mesma facilidade como ações de companhias canadianas.

Para investidores conservativos há companhias que oferecem estabilidade e previsibilidade de receitas. Duas sobressaem entre as nossas preferidas.

THE PROCTOR AND GAMBLE COMPANY ( PG - NYSE)

Proctor and Gamble está presente em toda a parte. Já repararam de que quando vamos a uma loja para nos abastecermos de alimentos, parte das nossas compras não são produtos alimentícios? é quase certo que no nosso saco de compras há pelo menos um produto produzido por Proctor and Gamble. Seja ele Tide, Crest, Pantene, Bounty, Oral-B, Pampers, Duracell, Pringles, Gillette ou qualquer outro. Isto são os produtos que não prestamos muita atenção na lista de compras mas que a aumentam de forma considerável a conta a pagar. Estes são produtos usados no dia a dia e vendidos mundialmente, de norte a sul, de este a oeste.

Esta é uma empresa com fundamentais sólidos e se tivéssemos que escolher uma única empresa americana para investir ela seria Proctor and Gamble.

JOHNSON & JOHNSON ( JNJ -NYSE)

Johnson & Johnson é uma companhia cujos lucros aumentam de ano para ano. Tylenol, Benadryl e inumeros produtos medicinais e não medicinais.

A companhia teve alguns problemas com “recalls” de Tylenol, mas, ao preço corrente das ações e um dividendo é superior a 3% este é um investimento atrativo. Nos últimos cinco anos o dividendo tem aumentado 10% anualmente.

Devido a recente recalls de produtos o preço das ações baixou e são agora transacionadas a menos de 12 vezes dos lucros previstos para 2011.

INVESTIR EM COMPANHIAS PORTUGUESAS

Patriotismo e perspicácia económica raramente se reconciliam. No entanto pode haver lugar para investir numa companhia portuguesa. Se pensássemos adquirir ações de companhias portuguesas, escolheríamos aquelas listadas nas bolsas americanas, pela facilidade de transação.

Ignoramos as implicações de investir directamente na bolsa de Lisboa para aqueles que vivem permanentemente no Canadá. Há a considerar distância, impostos, etc. Entre as companhias públicas portuguesas há duas, listadas nos Estados Unidos, que têm tido revisões favoráveis por analistas financeiros. PORTUGAL TELECOM (PT - NYSE), com crescimento consideraveis e um dividendo de 6.7% ao preço recente e ENERGIAS DE PORTUGAL (EDPFY – OTC), esta também com um dividendo superior a 6%. Ambas têm operações na América Latina e sustentabilidade aparente.

(21 de Março de 2011)

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