ANO 16 .............................................. No. 94

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2011 ..........Orientador: Álvaro Trigo


ABERTURA

Pessimismo continua a reinar entre aqueles que investem na bolsa. Investidores hesitam sobre decisões a tomar face à incerteza na economia mundial. Com descidas prolongadas e subidas esporádicas, é ocasião de abandonar a bolsa? Mas, será essa uma decisão acertada? Não será já tarde demais para o fazer? Não nos arriscamos, afinal, ao que segundo alguns afirmam, o que investidores inexperientes fazem: comprar ações na alta e vende-las em baixa.

Com mais tempestades a formarem-se no horizonte parece não haver uma decisão que nos tranquilize. A bolsa, tal como política e a economia, são afetadas por ambas. Qual a decisão a tomar perante a situação atual? Possivelmente o melhor para aqueles que estão hesitantes é esperar até haver uma direção decisiva no mercado.

Alguns investidores, receosos da bolsa, procuram alternativas. Mas existirão alternativas viáveis? Uns pensam no ouro. Mas com o preço do ouro elevadíssimo, possivelmente, é tarde demais para investir neste metal. Uma área a considerar é investimento em propriedades. Analisamos isso neste número do BOLETIM.

COMENTÁRIO

Boas notícias são escassas, ou não existentes, e as más abundam. Na Europa, a Grécia continua a provocar dores de cabeça para políticos europeus e investidores por toda a parte. Tão depressa se pensa que o problema vai ser resolvido, como acordos colapsam. Fundos do primeiro bailout já se esgotaram e um novo foi preparado.

Enquanto a União Europeia e o Fundo Monetário internacional exigem medidas de austeridade para aprovação de mais 8 biliões de euros, a situação do país continua a deteriorar-se. Quando os mercados começaram a “respirar” melhor após a apresentação ao governo grego de um plano em que se perdoava metade da dívida externa (credores teriam que absorver o prejuízo) eis que, inesperadamente, o governo grego decidiu anunciar um referendo, deixando a decisão da aceitação do acordo aos votantes. Sabendo-se da resistência, em todos os setores da sociedade, contra as medidas exigidas pela troika, não é dificil adivinhar qual o resultado da votação. Imediatamente, o primeiro-ministro grego deu o dito por não dito e cancelou a decisão.

Economistas já esgotaram soluções para os problemas europeus, mesmo dois laureados com o prémio Nobel, afirmam que não sabem qual o remédio para o problema. Fornecer mais fundos para a Grécia apenas resolve os próximos pagamentos. Fundos desaparecem rapidamente “engolidos” por um poço sem fundo de débito. Sem ideias concretas como solucionar o problema e a insistência em manter a Grécia na economia europeia e no euro, a epidemia alastra-se e atingirá cada um na comunidade. Possivelmente, em vez de dar mais fundos para a Grécia, a solução mais prática seria criar uma barreira defensiva à volta do país helénico – deixa-lo falir e os fundos que lhe seriam postos à disposição conceder aos credores afetados pela falência (leia-se bancos e instituições financeiras). Esses empréstimos seriam repagos à troika. Subsequentemente, essas instituições teriam que aumentar capital e, nos tempos imediatos, suspender os bónus generosos aos administradores e dividendos aos acionistas. Estes só seriam reconsiderados quando as instituições pagassem os empréstimos, tivessem capital adequado e voltassem a ter lucros. A Grécia jamais poderá pagar os empréstimos. A economia está moribunda e greves, e outros desacatos, apenas transformam uma má situação noutra ainda pior.

O risco com que nos confrontarmos pode contribuir para uma crise global mais grave do que a do subprime de 2008. Se não se encontrar uma saída para a situação atual, bancos terão prejuízos elevados e riscam falência e desemprego aumentará. Alguns dos empréstimos à Grécia estão seguros por instituições americanas. Os Estados Unidos serão afetados e o Canadá não está imune da crise. Governos europeus têm trabalhado intensamente para encontrar uma saída para a situação.

A situação na Europa é tão desesperada que a dos Estados Unidos parece um paraíso, em comparação; isto apesar de uma economia frágil, deficit preocupante, débito monstruoso e desemprego avultado. No entanto, os Estados Unidos têm uma possibilidade que os gregos não têm – emitir suficiente dinheiro para pagar o débito do país.

REAL ESTATE

Para muitos investidores a melhor aplicação de capitais é comprar uma casa, ou apartamento, e aluga-lo. Esta forma de investimento é fácil de compreender. Com um pequeno investimento, e empréstimo do banco, consegue-se ter uma propriedade de valor. Isto é, de facto, tentador.

Quando se tem sorte, e se encontram bons inquilinos, o resultado é vantajoso. A renda cobrada paga a hipoteca e um dia, apenas com essas receitas, a propriedade estará paga. Mas, se há o azar de encontrarmos um mau inquilino, que se atrasa nos pagamentos, ou deixa mesmo de pagar, danifica a propriedade, o investimento transforma-se em pesadelo.

Mesmo na melhor das situações há que contar com o tempo consumido à procura de arrendatários, verificar créditos pessoais, capacidades de pagamento e certas legalidades.

Para quem deseja investir em propriedades, sem as dores de cabeça que um investimento direto pode acarretar, existe uma alternativa: REITS (Real Estate Investment Trusts).

REITs possuem propriedades: apartamentos, escritórios, propriedades industriais e até lares da terceira idade. Estes investimentos pagam dividendos (distribuições) e tendem a estar protegidos da inflação. Quando a inflação aumenta, as companhias aumentam as rendas.

Alguns trusts dignos de serem considerados por investidores: RioCan Real Estate Investment Trust (rei.un) com uma yield de 5%; H&R Real Estate Investment Trust (hr.un), yield 4%; Cominar Real estate Investment Trust(cuf.un), yield 6% e Canadian Rapartments Proprieties Real Estate Investment Trust (car.un), yield 5%, entre outros.

Existem ainda Exchange Traded Funds (ETFs) que investem em REITs. Despesas de administração reduzidas e diversidade de propriedades tornam estes ínvestimentos ideais para aqueles, receosos de escolher companhias.

UPS & DOWNS

DOWN - YELOW PAGES INCOME TRUST (YLO)

As listas telefónicas conhecidas como “páginas amarelas” têm estado em grande dificuldade. Transacionadas, em certa ocasião por $6.46, são-no agora a 34 cêntimos. Muitos investidores foram incentivados pelo um dividendo atrativo. O valor das ações descia, mas o dividendo mantinha-se. Mas, nem tudo que luz é ouro e o dividendo foi reduzido a metade para pouco depois ser suspenso na totalidade. O problema? Com o advento da internet as “páginas amarelas” deixaram de ter a importância de outrora. A companhia está a transformar-se numa empresa de marketing através da internet. Será bem-sucedida? Veremos.

UP – PRECISION DRILLING (PD)

Precision Drilling adquiriu uma companhia americana da mesma indústria, aumentando o seu débito. O mercado não gostou. As ações transacionadas numa ocasião a $17.20 desceram até $7.62. Mas o futuro parece melhor. Analistas do mercado têm buy e preveem aumento na cotação num futuro próximo. A recuperação tem sido lenta, mas firme. Preço recente $11.54.

UP – DAYLIGHT ENERGY (DAY)

Calcule-se que, um dia de manhã, ao bebermos o café e ler o jornal, temos uma surpresa agradável. De um dia para o outro as nossas ações aumentaram 110%? Claro que isso teria acontecido se o leitor tivesse investido em Daylight Energy.

A razão? Uma companhia, que nunca tínhamos ouvido falar, Sinopec International Petroleum Exploration and Production Corporation, entrou num acordo com Daylight para comprar todas as ações de Daylight ao preço de $10.08. Ao divulgar-se a notícia ações desta passaram de $4.59 para $9.64.

(3 de novembro de 2011)

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