ANO 17 .............................................. No. 96

MARÇO - ABRIL 2012 ..........Orientador: Álvaro Trigo


ABERTURA

A situação económica na Europa e o elevado preço do óleo refletem-se no mercado canadiano, consequência da inter-relacão entre economias. Globalização influencia sobremaneira o que ocorre neste lado do Atlântico. Assim, consequentemente, dedicamos maior espaço a estes dois assuntos neste BOLETIM.

COMENTÁRIO

A incerteza da direção dos mercados continua. Investidores canadianos têm seguido com muita atenção acontecimentos na Europa e nos Estados Unidos,

Na Europa, a Grécia, ao colaborar com os seus credores privados, evitou bancarrota. A dívida pública do país foi refinanciada num dito bond swap. Obrigações correntes foram substituídas por outras de menor valor nominal, juros inferiores e prazos mais longos. Credores tiveram que absorver um prejuízo de cerca de 74%. Após a restruturação, a dívida pública do país foi reduzida de 350 biliões de euros para um pouco mais de 100 biliões.

O acordo entre o governo grego e investidores particulares foi delineado pela troika (União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) como condição para conceder um segundo bailout ao país.

Os mercados acalmaram um pouco após esta decisão. Duvidamos que o problema se não repita e a país helénico se veja, de novo, impossibilitado de satisfazer as suas obrigações financeiras. Novas medidas (rigorosas) fiscais não aliviarão os males da Grécia, cuja economia continua em trajeto descendente. Em 2011 teve uma queda de 7.5%, sendo esta o quarto ano em quebra.

Enquanto os gregos ganham tempo, olhares voltam-se agora para outras direções. Claro que, como os leitores já adivinharam, pensamos em Portugal. A situação financeira do país é periclitante. Com investidores estrangeiros a exigir juros elevados para comprar obrigações, uma economia débil e desemprego elevado, a situação é difícil de gerir.

Lemos, recentemente, num jornal português, que, nestes últimos dois anos, tinham saído do país 14 toneladas de ouro anualmente. Grande parte da população luta com dificuldades económicas e o desemprego é elevado. Particulares vendem os valores que possuem. Libras de ouro, anéis, cordões são convertidos em euros. Isto não só empobrece as famílias a longo prazo, como resulta num prejuízo para a nação.

No país, há um certo frenesim por reativar minas há muito inativas, especialmente no Alentejo. Companhias estrangeiras, entre elas algumas canadianas, apresentam pedidos de concessão às autoridades portuguesas, para reativar ou fazer estudos de avaliação e capacidade de produção de ouro e outros minerais.

ÓLEO

O debate continua sobre a exportação de óleo produzido na região areosa de Alberta, conhecida como oil sands. TransCanada Corp. quer construir condutas para transportar óleo do Canadá para o Texas, onde este seria refinado. A aprovação do projeto, conhecido como Mackenzie Gas Pipeline, está agora suspensa, após uma deliberação do governo dos Estados Unidos. Decisão, indubitavelmente influenciada pelos protetores do meio ambiente.

Este obstáculo na exportação de óleo através de condutas para os Estados Unidos, reativou o debate sobre a vantagem de refinar o produto no Canadá. Refinarias produzem não apenas gasolina ou gasóleo, mas químicos, tintas, plásticos, asfalto e muitos outros subprodutos. Segundo os que objetam à refinação no Canadá, argumentam que o mercado é demasiado pequeno para absorver todos esses produtos.

Não é só TransCanada que se sente frustrada pela oposição à sua expansão nos Estados Unidos. Outra companhia, Enbridge, propôs construir um oleoduto para transportar óleo de Alberta para a costa pacífica do país. Esta tem igualmente encontrado forte oposição. A razão é a mesma – o receio de poluição e destruição do meio ambiente. Enbridge chegou a oferecer a grupos de nativos 10% das receitas do projeto, mas estes não se demovem da sua posição.

NOTÍCIAS

* BCE, a companhia de telecomunicações, controladora de Bell Canada, acaba de anunciar ter entrado em acordo com Astral para adquirir esta companhia. BCE pagará $50.00 dólares por cada ação da classe A (non-voting) e $54.83 pelas da classe B (subordinate voting shares). A transação, avaliada em $3.38 biliões de dólares canadianos, será paga 75% cash e o resto em ações de BCE.

BCE tem aumentado agressivamente o seu património. Recentemente adquiriu CTV Inc. e Maple Leaf Sports. Após a comunicação desta nova aquisição, que terá que ser aprovado pelas autoridades reguladoras, as ações de BCE baixaram, enquanto as de Austral subiram.

* Na Islândia reacendeu-se o debate da substituição da moeda nacional por uma estrangeira. O país, com uma população apenas de 320.000 pessoas, tem como moeda nacional a crona. Durante os “bons tempos” a Islândia contava com um sistema bancário que oferecia juros elevados e atraía investidores estrangeiros, mas quando a crise financeira ocorreu em 2008, ao contrário de outros países, o governo nada pode fazer para “salvar” três dos seus bancos. Tornou-se necessário a ajuda do Fundo Monetário Internacional para evitar maior descalabro.

Uma sugestão apresentada foi a de adotar o euro como moeda do país. No entanto, a crise na União Europeia tem alargado a discussão e renasceu outra opção – a adoção do dólar canadiano. Para um país usar uma moeda estrangeira como a nacional trás beneficios, mas, igualmente, riscos. Se a Islândia adoptar o dólar canadiano, ou o euro, o país ficará dependente das politicas monetárias do país emissor da moeda, já que, como país pequeno, não exercerá nenhuma influencia nesses países.

Adotar a moeda de outro país não é invulgar. Panamá, Equador e El Salvador usam o dólar americano. Outros países alinham as suas moedas com o dólar americano, como, por exemplo, os Barbados e e as Bahamas.

* Viterra uma companhia que temos seguido sempre com interesse, está “à venda”. Quando uma entidade estrangeira propôs comprar a companhia, as ações de Viterra subiram enormemente. Agora outras companhias parecem interessadas. Viterra está aberta a propostas. Desde o principio de março o valor das ações aumentou 50%.

(23 de março de 2012)

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