ANO 17 .............................................. No. 98

JULHO - AGOSTO 2012 ..........Orientador: Álvaro Trigo


ABERTURA

Não. O BOLETIM FINANCEIRO não se extinguiu subitamente. Atrasado, sim; mas, continua vivo. Uma ausência de dois meses e meio do Canadá atrasou a presente edição. Após esta ausência, ele continuará a aparecer bimestralmente.

COMENTÁRIO

Uma estadia prolongada em Portugal permitiu-nos seguir de perto a situação económica e financeira do país. Claro que não se torna necessário estar no palco do teatro para se saber como os atores atuam. Mas, a nossa presença no país permitiu-nos escutar diversas opiniões sobre a sua situação e o seu futuro. Por vezes lembrámo-nos do velho dito: “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.

Enquanto em Portugal lemos, com frequência, anúncios de Obrigações oferecidas por corporações (Brisa e Portugal Telecom) a proporcionarem juros superiores a 6%, com a oferta mínima de uma obrigação ($1,000 Euros). Juros bastante atrativos, comparando este investimento com contas poupança, que oferecem à volta de 1%. Mas a atração pode ser aparente. O investidor que tiver 1,000 euros e comprar uma obrigação pode ter uma surpresa desagradável. Comissão na compra do título, custo de o guardar, custo de o resgatar, imposto de selo, etc. transformarão os tais seis e pouco por cento em menos de um por cento de lucro. Claro que este é um caso extremo, aplicado apenas à compra de um título. O ponto que queremos salientar é que o que é aparente pode não ser real. Aqueles que desejassem comprar essas obrigações deveriam inquirir junta da instituição financeira qual seria o lucro real do investimento.

Acabamos de receber uma lista dos novos preços da Caixa Geral de Depósitos. Os preçários são alterados e, consequentemente, aumentados. Isto é o que tradicionalmente se faz no sistema bancário. Decisões dos bancos (conceder facilidades de crédito e o não pagamento do empréstimo pelos clientes, e outras más decisões) resultaram em prejuízos para as instituições. Agora, pequenos clientes vêm os custos de transações aumentados, o que serve para compensar a situação dificitária bancária.

Económica e financeiramente a situação da nação e dos restantes países da periferia, como agora se costuma dizer, deixa muito a desejar. É difícil vislumbrar recuperação para a comunidade europeia. Presentemente, todos os olhos estão postos na Espanha. O custo dos empréstimos ao país, agora que um “bailout” foi aprovado pela comunidade atingiu novo recorde.

Na semana em que estamos a escrever este BOLETIM, auditores da Troika são esperados em Atenas para inspecionar o programa económico elaborado pelo novo governo do país. Após uma análise da situação, ela deliberá se a Grécia irá, ou não, receber outro empréstimo de 31.5 biliões de euros. A saída deste país do euro continua a ser uma possibilidade.

TSX CAPPED SECTOR INDEXES BREAKDOWN

Após regresso ao Canadá tornou-se necessário uma atualização sobre a atuação das empresas públicas. Nada melhor do que a leitura do suplemento “Report on Business” do Globe and Mail de sábado, onde encontramos a lista de companhias de maior capitalização transacionadas na bolsa de Toronto.

Uma análise primária às ações de companhias públicas começa precisamente com a leitura deste suplemento do jornal. Companhias são divididas por setores. Temos o preço (fecho do dia anterior); p/e; dividend yield; dividendo anual; valores mais altos e baixos para o ano; percentagem de aumento ou redução do valor das ações; capitalização no mercado e a influência no índice. Estas são informações valiosas e que podem servir de ponto de partida para uma análise mais detalhada das companhias.

Na divisão seguida pelo jornal temos:

COSUMER DISCRETION

Entre outras encontramos TIM HORTENS. Esta é uma companhia que todos nós conhecemos. Quem não bebeu já um café do Tim Hortens? A companhia tem tido boa atuação, com um número fiel de clientes e acionistas.

CONSUMER STAPLES

Aqui encontramos METRO INC., LOBLAW COMPANIES e SHOPPERS DRUG MART. Este setor da indústria é muito competitivo, especialmente no que diz respeito a produtos alimentares.

ENERGY

Este setor é caracterizado por uma diversidade de atividades relacionadas com energia. Desde companhias que fornecem serviços às de exploração e produção de gás e óleo. Em equipamento e serviços cremos que o mercado não faz justiça a PRECISION DRILLING, cujas ações são transacionadas a $6.50. Na área de exploração e produção, CANADIAN OIL SANDS é um caso aparte. A companhia tem potencial de premiar generosamente os seus investidores, mas confronta-se com grande oposição dos “defensores do meio ambiente”, já que é apontada como uma das grandes poluidoras do ar e da água.

FINANCIALS

Aqui encontramos as maiores companhias canadianas por capitalização: bancos; companhias de seguros e serviços financeiros variados. POWER CORPORATION OF CANADA e POWER FINANCIAL CORPORATION merecem atenção já que são ignoradas em favor de bancos e companhias de seguros. Estas atravessando um mau momento.

HEALTH

Este é o setor mais pequeno do índice. Prestaríamos atenção a EXTENDICARE INC., que recentemente se transformou de Reit para corporação.

INCOME TRUSTS

Trusts são caracterizados por distribuir quase a totalidade dos seus lucros e, consequentemente, por dividendos elevados. A maioria são Reits (Real Estate Investment Trusts). H&R REAL ESTATE INVSTMENT TRUST continua em subida e atingiu novas “altas”.

INDUSTRIALS

AECON GROUP é uma companhia de construção que deve beneficiar da urgência em reparar infraestrutura. Outra companhia com interesse é RUSSEL METALS, cujo dividendo é atrativo.

INFORMATION TECHNOLOGY

Tecnologia é um setor com muitos riscos. Companhias estão sujeitas às transformações tecnológicas. Ideias brilhantes de hoje, tornam-se obsoletas amanhã.

MATERIALS

Desde minas a madeiras, inúmeras companhias fazem parte deste setor. Investidores fogem dele. Companhias mineiras, quer exploradoras, quer produtoras, continuam em descida. Nomes conhecidos e estrelas do passado, BARRICK GOLD CORP., ELDORADO GOLD e GOLD CORP. INC. estão com as valorizações mais baixas do ano.

TELECOMUNICAÇÕES

O setor tem tido boa atuação. TELUS e BCE INC. estão com as valorizações mais altas do ano.

OTHERS

Ações que fazem parte da composição, mas fora da classificação acima.

A leitura desta informação que se encontra no Report on Business de sábado é um bom ponto de partida para aquele que se quer familiarizar com as companhias transacionadas na bolsa de Toronto.

LIBOR

Como se a comunidade europeia e internacional não precisasse de mais escândalos financeiros, temos agora Libor a ocupar as primeiras páginas dos jornais.

Libor é o benchmark juro-rácio estabelecido em Londres entre bancos. Este juro serve de base para outras espécies de “rates”, desde empréstimos comerciais até hipotecas. Libor é, igualmente, importante para índices de derivativos cujo valor é afetado por ele. É o interest rate mais usado mundialmente.

Diariamente bancos londrinos informam Thomson Reuters qual o juro que esperam ter de pagar por empréstimos de outros bancos. Thomson Reuters calcula entre os mais altos e os mais baixos e apresenta o que constitui uma média.

Alguns bancos podem artificialmente aumentar ou diminuir os juros conforme as suas conveniências. Isto pode ser considerado manipulação.

Muita coisa se passa no mundo da alta finança que nos afeta sem que nos apercebamos. Investigações continuam sobre a manipulação do London Interbank Offered Rate. O primeiro acusado é o banco inglês Barclays PLC. Subsidiárias de bancos canadianos podem estar envolvidas no escândalo, como outras instituições bancárias mundiais. Aguardemos os resultados das investigações.

(24 de julho de 2012)

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